Responsabilidade social e ética nas organizações empresariais
(*) Por Pedro Henrique Silva Brito
Hoje em dia as organizações privadas têm pensado como podem colaborar com a sociedade, através da responsabilidade social, se não por pressão da sociedade talvez pela consciência de seus gestores. Entretanto em boa parte dos casos o que vemos é a ausência da ética e da responsabilidade social por parte de inúmeras empresas. Embora os conceitos de ética e responsabilidade social sejam bem parecidos ambos nem sempre estão presentes no cotidiano das empresas. Buscaremos demonstrar os conceitos a partir de teorias e relacionar com a aplicação destes na pratica, conforme alguns artigos científicos analisam. Neste artigo apresentaremos citações de Geraldino Carneiro de Araújo, Naira Denise Kalb e Sergio Boeira, e desenvolveremos as citações destes autores.
Segundo Geraldino Araújo e Naira Kalb (2008, p. 3) “As Idéias e ações referentes à responsabilidade social não são recentes e possuem registro há séculos”. Nas ultimas décadas ouvimos falar muito mais sobre responsabilidade social, embora já haja registro há séculos sobre responsabilidade social nas empresas, ainda é comum encontramos empresas que possuem códigos de ética, mas que infelizmente ficam apenas no papel. Na pratica grandes empresas querem utilizar destes códigos de ética para mostrar a sociedade que são empresas “limpas e parceiras” da natureza e do mundo. Em Boa parte das empresas a linha de produção e os próprios diretores executivos desconhecem o código de ética da empresa ou fazem vista grossa para tal. Por outro lado empresas como a Samsung uma empresa sólida no mercado global com mais de 70 anos de historia vem a cada dia dedicando-se mais com a responsabilidade social, e pensando nisto criou o programa “Full Atitude” que funciona da seguinte forma; A cada produto que você comprar e registrar no site da Samsung, a empresa contribuí com projetos da Unicef, o programa no Brasil desde quando foi lançado atingiu pouco mais de 100.000 cadastros. Através desta e de outras atitudes a Samsung manifesta cada vez mais um maior compromisso com a sociedade, natureza e com o mundo. É comum você ir as compras e encontrar produtos fabricados “ecológicos” fabricados pela Samsung como o Samsung Blue Earth com carregador solar e produzido com material plástico reciclado a partir de garrafas de água, entre monitores fabricados com materiais não agressivos ao meio ambiente. Outro exemplo importante a ser citado foi o prédio ecológico criado pela Nokia, projetado conforme as Normas LEED, o edifício ecológico da Nokia localizado em Beijing, na China, incorpora mais de 30 técnicas de design que permitem uma redução de 37% no consumo de água e cerca de 20% no consumo de energia, quando comparado com edifícios comuns. Iniciativas como as feitas pela Nokia e Samsung são exemplos de responsabilidade social que podem ser vistas no cotidiano. Iniciativas que devem ser abraçadas e copiadas a por muitas empresas no planeta, a fim de se estabelecer um código de responsabilidade mundial para micro, pequenas e grandes empresas.
Segundo Geraldino Araújo e Naira Kalb (2008 p. 5) “A responsabilidade social, então, abandona o debate ideológico tornando-se uma questão de sobrevivência da empresa.”É cada vez mais comum associar a necessidade de preservação de uma sociedade com os lucros de uma empresa, pois a “saúde” de uma sociedade afeta diretamente o consumo de uma indústria ou empresa.
Segundo Sergio Boeira cita Ferrel (2005 p.13) “A ética empresarial tem sido definida como um conjunto de princípios e padrões morais que orientam o comportamento no mundo dos negócios”. As organizações estão percebendo uma necessidade de utilizar um código de ética de forma que tenham uma melhor imagem para o publico; Entretanto mais uma vez a ética nas empresas tem como foco apenas o consumidor da marca, em muito dos casos o próprio funcionário desconhece qual deve ser a conduta coerente que deverá ser adotada por ele e seus superiores no emprego segundo o código de ética. Ao questionar um funcionário da TNL Contax S/A, sobre se ele tinha conhecimento sobre o código de ética da empresa ou da empresa pela qual ele prestava serviços, o mesmo afirmou desconhecer, e demonstrou desinteresse sobre a necessidade da aplicação do código sobre seus subordinados. É com este mesmo desinteresse que a empresa muita das vezes faz boa parte do serviço de forma “tocada”, para os seus clientes, porem mantém, a sua boa imagem através de supostos códigos de ética, que muita das vezes nem seus próprios funcionários têm acesso. Por outro lado é comum parecer que um código de ética é somente para empresas grandes, ao questionar um gerente de padaria próximo a minha residência sobre se a padaria possuía um código de ética, o mesmo se retratou da seguinte forma: Para que código de ética em uma padaria? Este código de ética vai nos ditar como fazer um pão de sal ético com responsabilidade social? Em vários casos, o principal culpado é o consumidor que não cobra posturas das empresas e também não tem nenhum interesse no código de ética da empresa pela qual opta por comprar um produto ou contratar um serviço. Querer defender uma conduta ética no Brasil ainda pode ser uma utopia, pois parece que são pouquíssimas pessoas que se interessam, os grandes empresários criam o código para a empresa talvez porque fazer ética tenha virado uma “modinha” politicamente correta, e se não houver este código, talvez um dia alguém aponte o dedo e diga “Olha a empresa “Chingling” não tem um código de ética”. Mas que diferença faz, se muita das vezes os consumidores fazem vista grossa para fatores éticos e buscam apenas o menor preço em prol de uma causa própria “O seu bolso”.
Segundo Sergio Boeira (2005 p.8) A ética aplicada nas empresas vêm sendo discutida desde 1970, e na sua origem defendia temas como conluios na formação de preços, segurança de produtos e meio ambiente, na década de 1980 iniciam-se cursos, conferencias e seminários sobre o assunto. Na década de 1990 o governo Estadunidense continua a promover a autorregulamentação, incentivando as empresas a tomar providências no sentido de coibir a má conduta empresarial. Através destes fatores surgiu uma noção de empresa responsável ou cidadã. Segundo Sergio Boeira cita Glantz; Slade; Hanauer e Barnes (2005 p.7) “Neste ramo de negócios foram confiscados pela Justiça norte-americana documentos sigilosos, apontando fraudes e estratégias complexas de manipulação da consciência dos consumidores quanto dos órgãos de fiscalização governamental”.
Dentre estas citações pude expor que realmente atitudes e mudanças ocorreram após a criação do código de ética nas empresas, mas estas mudanças se deram devido à pressão do governo, talvez por sentir uma necessidade de estimular a maquina fiscal a fim de cobrar impostos maiores ou de estipular multas maiores para estas empresas. De qualquer forma, o conceito ético ao menos no Brasil ainda parece muito distante da população, pois menos de 10% da população nacional têm acesso ao ensino superior e consciência sobre o que é ética e responsabilidade social.
Pode-se concluir que a ética e responsabilidade social nas organizações é essencial para um bom funcionamento, entretanto ainda écomum que empresas tenham ótimos conceitos de ética e responsabilidade social no papel, e não em pratica; Talvez pela própria burocracia da empresa que pressiona cada vez mais e mais as linhas de produção para o aumento da produção e dos lucros, que se quer têm tempo para aplicar os conceitos para os próprios funcionários. E apenas utilizam estes códigos com o intuito publicitário. Do meu ponto de vista ética e responsabilidade social nas empresas só será favorável significativamente, ao menos no Brasil, se isto partir do governo, entretanto em um país onde temos uma das maiores cargas tributarias do mundo, repassar mais esta responsabilidade as empresas que por sua vez irão repassar aos consumidores em valores pode não ser a metodologia mais eficaz. Talvez seja necessário revermos os nossos conceitos de ética e responsabilidade social, no senado e na câmara dos deputados, se realmente queremos começar a pensar em ética e responsabilidade social, nas empresas e nas escolas.
(*) Pedro Henrique é estudante de Administração da Faculdade Padre Machado, Belo Horizonte – MG