Santos Dumont e o Empinador de Pipas
Na manhã de 23 de julho Alberto Santos Dumont veio até à praia do Guarujá em São Paulo para passear um pouco e ajuda um menino a soltar uma pipa de papel. Corrigiu o peso da cauda, endireitou uma cana da estrutura e a pipa subiu ao céu. O menino pulou de alegria.
Alguns dias atrás, mais precisamente em 9 de Julho, estoura o movimento constitucionalista em São Paulo. Diversas forças políticas procuram restabelecer a normalidade democrática sufocada pela ditadura getulista. Santos Dumont fica entusiasmado. Ainda na praia do Guarujá a convalescer escreve um manifesto aos mineiros convidando-os a aliarem-se aos paulistas.
Mas Getúlio Vargas vai estraçalhar o movimento.
Enquanto sorri ao ver a pipa nos céus, Dumont escuta um som familiar crescente e na linha do horizonte surge uma esquadrilha. São aviões federais que irão bombardear um cruzador paulista ancorado em Santos.
Imediatamente o semblante de Santos Dumont muda, o sorriso desaparece e vem à sua cabeça o pensamento que iria piorar ainda mais a sua decepção com a humanidade – “Brasileiros matam brasileiros servindo-se de uma máquina que eu inventei!… Com tanto amor e ilusão…”.
Triste vai pra casa e comete suicídio nessa noite.
“Lançado de catapulta até pedra voa!”
Thomas Edison referia-se a Santos Dumont como o “Bandeirante dos Ares”, nos bastidores comentava que não dava pra acreditar na história contada pelos irmãos Wright, pois pra Edison, até uma pedra jogada de uma catapulta voa e voar não era isso pra ele. Edison falava com a autoridade de quem fazia parte do Conselho de Guerra dos Estados Unidos. Mas essas opiniões nunca vieram a público oficialmente.
Coincidentemente uma resposta do governo americano aos Wright mostra que essa opinião de Edison tinha fundamento.
Os experimentos dos Wright foram interrompidos de 1905 a 1908. Em 1905, os Wright escreveram uma carta ao Departamento de Guerra dos EUA, oferecendo sua invenção. Foram recusados, com a alegação de que o departamento não tomaria qualquer providência “até que uma máquina seja produzida com capacidade de produzir vôo horizontal e de conduzir um operador”.
Não satisfeitos com a recusa, os irmãos Wright tentaram vender a invenção ao governo francês, por meio do capitão Ferber (intermediário dos interesses dos Wright na França), como máquina de guerra. O Ministério de Guerra francês duvidou da conquista dos americanos: “como um simples capitão da artilharia pode saber de algo que os jornalistas americanos, os mais bem informados do mundo, ignoram?”.
Na época, ninguém admitia que um fato tão relevante como aquele pudesse ser ignorado pela imprensa americana, principalmente por ter acontecido nos EUA. Sinceramente, nem eu.
O próprio Santos Dumont teria escrito indignado: “Não posso deixar de ficar profundamente espantado com esse fato inexplicável, único, desconhecido: durante três anos e meio, os Wright realizaram inúmeros vôos mecânicos e nenhum jornalista da tão perspicaz imprensa dos Estados Unidos os testemunhou para aproveitar o assunto para a mais bela reportagem da época! Estávamos em plena carreira de Gordon Bennet (dono do New York Herald), um dos mais importantes jornais norte-americanos. Tudo o que era novo, ele encorajava. Nas minhas oficinas, se encontrava, quase dia e noite, um dos seus repórteres. ‘Estamos’, dizia-me ele, ‘num período áureo da história do mundo. O público se interessa prodigiosamente pelos seus trabalhos’. E estes eram quase quotidianamente relatados no jornal de Gordon Bennet. Como imaginar então que, na mesma época, os irmãos Wright descrevem círculos no ar durante horas, sem que ninguém disso se ocupasse?”.
Infelizmente, boa parte do mundo considera os irmãos Wright como os primeiros a voar em um mais pesado que o ar, graças ao marketing americano. Nesse caso, graças a uma mentira absurda, tipo a que o Iraque tinha armas nucleares e químicas.
Em 1908, dois anos após os documentados vôos do 14 Bis, os irmãos Wilbour e Orville Wright visitaram a França e realizaram vôos em uma máquina fabricada por eles – o Flyer. Nesses vôos, ainda precisavam de uma grande catapulta para lançar o avião no ar.
À época, os irmãos Wright aproveitaram para reivindicar o reconhecimento pelo primeiro vôo em um mais pesado que o ar. Eles afirmavam ter voado em novembro de 1903, mas não tinham como provar. Deram entrevistas sobre seus feitos, criando dúvida sobre o verdadeiro autor do primeiro vôo. O biógrafo de Wilbour e Orville Wright e autor do primeiro livro sobre os irmãos americanos, John MacMahon, conta que no alegado vôo de 17 de dezembro de 1903 (que reivindicavam como sendo o primeiro da aviação), os americanos voaram quatro vezes na presença de cinco testemunhas, sendo três delas bombeiros, para qualquer eventualidade. O único documento produzido durante a experiência foi um telegrama que Orville enviou ao seu pai, relatando os vôos daquele dia. De acordo com o diário dos irmãos, eles teriam realizado diversos vôos, alguns deles testemunhados por pessoas locais. O intrigante é que essas notícias não foram divulgadas e publicadas, nem nos Estados Unidos. Nenhum repórter, nenhuma foto. Nada!
Alberto Santos Dumont (1873-1932) era descendente de imigrantes, como a maior parte do povo brasileiro. Era neto de franceses, por parte de pai, e bisneto de portugueses, por parte de mãe. Sempre evidenciou o seu orgulho de ser brasileiro.
O filho do engenheiro Dumont
No início dos anos oitenta do século XIX, na Rússia, o czar Alexandre II foi assassinado, sucedendo-lhe Alexandre III. O reino da Sérvia é proclamado e a Itália alia-se à Alemanha e à Áustria na Tríplice Aliança. Marx morre. No Brasil, reina Pedro II e ainda ecoam os brados de vitória sobre o Paraguai, os republicanos conspiram e a abolição da escravatura divide a sociedade brasileira. A estrada-de-ferro abre novas comunicações, as indústrias surgem pelo país e começam conflitos entre o Estado e a Igreja. Tudo isto interessa ao engenheiro Dumont, mas não o pequeno Dumont que brinca com os amigos o jogo das prendas. Em dado momento um deles pergunta: – Voa o gato? Todos gritam: – Não! – Voa o urubu? Levantam os braços: Voa! Voa o carcará? – Voa! – Voa o homem? Todos menos um gritam: – Não! Alberto, um dos filhos do engenheiro, levanta os braços e grita: Voa! Risadas. Alberto tem de pagar uma prenda. Mas teima: – Um dia, o homem irá voar!
Todo o tempo livre do ainda estudante Santos Dumont é dedicado aos livros. ‘Cinco Semanas em Balão’, ‘Da Terra à Lua’, ‘Vinte Mil Léguas Submarinas’ e a ‘Volta ao Mundo em Oitenta Dias’. Nas páginas de Verne, o homem já consegue voar até para fora do planeta. Não faltará muito para que o homem voe também.
Na fazenda, Alberto observa as máquinas. Lembra-se das lendas de Dédalo, Ícaro, Ariel e dos desenhos de Leonardo da Vinci sobre a estrutura das asas dos pássaros e da tentativa de Bartolomeu de Gusmão que, em 1709, se eleva a 200 pés de altura nos céus de Lisboa, perante a corte de D. João V.
O menino que gostava de empinar pipas.
Uma das suas brincadeiras favoritas é lançar papagaios e correr, segurando a corda, fazendo-os voar. Nas noites de São João, constrói balões de papel. Em 1888, ano em que a escravatura é abolida no Brasil, visita São Paulo. Numa feira assiste deslumbrado um homem voar: um acrobata estrangeiro que sobe num balão e depois salta de pára-quedas.
O engenheiro Dumont cai do cavalo…
Em 1891 o engenheiro Dumont cai do cavalo e perde o movimento das pernas. Vende a propriedade e volta à Paris. A Cidade Luz o encanta. Visita a Exposição do Palácio das Indústrias e pela primeira vez está de frete a um motor de combustão interna. Alberto compra um Peugeot e volta ao Brasil. O seu carro é um dos primeiros automóveis que chegam ao Brasil. Ele não liga pra excentricidades, para Santos Dumont é no motor do carro, bem mais leve que o das locomotivas a vapor, que estará a solução para o problema que finalmente permita ao homem voar. Certo das suas descobertas pede ao pai que o deixe voltar à França. O engenheiro Dumont faz mais. Decide doar dois terços da sua fortuna aos filhos e concede a emancipação jurídica a Alberto Santos Dumont antes mesmo de ele completar os dezoito anos.
Um balão chamado Brasil!
Nessa época estuda e viaja com freqüência. Muito atento às novidades é no Rio de Janeiro que recebe um livro onde o engenheiro Lachambre descreve um balão por si construído. Alberto volta a Paris e procura Lachambre. Este apresenta-lhe um pequeno balão que concebeu e pede-lhe 250 francos pelo passeio. Garante-lhe que não há perigo e isso deixa Santos Dumont confiante. Marca a subida para o dia seguinte. A visão de Paris do alto encanta e Dumont nuca mais seria o mesmo. Era isso que ele queria: voar!
A partir desse momento irá dividir o seu tempo entre subidas em balão (em 1898 sobe mais de trinta vezes) e as corridas de automóvel. Encomenda um balão a Lachambre inteiramente desenhado por ele mesmo. Tem seis metros de diâmetro, invólucro em seda envernizada, capacidade para 113 metros cúbicos de gás, com 14 quilos de peso. A rede que nos balões convencionais que chegava a pesar 50 quilos, nesse pesa menos de dois. A barquinha que, normalmente, pesa 20 quilos, pesa seis. Cabe numa mala de viagem. Por aqui se vê que se trata de um balão revolucionário. Dumont chama-o de Brasil.
Santos-Dumont torna-se famoso e é tema de todas as conversas. Aquele brasileiro pequeno e franzino, com o seu chapeirão (Panamá), voa sobre os céus de Paris. A sua maneira de vestir transformam-se em moda e os prêmios que ele institui atraem multidões.
Balão a motor! Os dirigíveis.
Nessa época começa a combinação balão-motor. Nasce assim o Santos-Dumont N.º1. Em Setembro de 1898 leva o seu balão para o Jardin de l’Acclimatation. O balão eleva-se, mas vai colidir com as árvores do jardim. Mas ele não desiste e certa vez ainda, no norte de França, sobe ao entardecer e vê-se no meio de uma tempestade. A noite caiu e a escuridão só é interrompida pelos relâmpagos. Se algum deles acerta o balão é morte certa. Santos Dumont navega a noite toda na escuridão sem saber pra onde está indo, levado em grande velocidade pela força do vento. De madrugada a tempestade passa e ele consegue pousar. Nessa hora descobre que está na Bélgica.
O desafio de ‘la Meurthe’.
As aventuras e desventuras de Santos Dumont tornam-no uma figura conhecida em Paris. Mas ele não se deixa embriagar pelo sucesso.
Um grupo de apaixonados pela aviação cria um Aeroclube em Paris e, numa das suas reuniões, o Sr. Deutsch de la Meurthe, oferece um prêmio de 100 000 francos a quem for capaz de, dentro dos cinco anos, partir de Saint-Cloud, dar uma volta completa à Torre Eiffel e voltar ao ponto de partida em menos de 30 minutos. O desafio tira o sono de Santos Dumont que constrói vários balões. O Santos Dumont N.º4, esmaga-se contra as árvores. Outro acidente destrói o N.º5. Mas Alberto não desanima e começa a construir o n.º 6. Em 12 de Outubro de 1901 sobe no n.º 6, dá uma volta completa à Torre Eiffel e regressa a Saint-Cloud. Demorou 31 minutos, um a mais do que o regulamento do prêmio estabelece como limite. O público aplaude e o júri hesita. O prêmio é dado a ele, pois, embora ainda no ar, atravessou a linha de chegada no tempo. Santos-Dumont reparte o valor do prêmio entre seus técnicos e auxiliares e o restante é doado a operários desempregados.
Santos Dumont é homenageado em Londres num banquete do Royal Aero Club. O príncipe do Mônaco pede que construa um hangar e uma oficina no principado. Eugênia de Montijo, a viúva de Napoleão III visita-o. O governo francês contrata-o para construir o primeiro aeródromo do mundo em Neuillly.
Mas ele não pára. Concebe o Santos-Dumont N.º7 e, a seguir, o n.º 9 (pula o número oito pois acredita trazer má-sorte). Mas é o N.º9, a Balladeuse que fica famoso. Esse é o meio de transporte pessoal que Santos-Dumont usa para desloca-se por Paris. Nele visita amigos, vai a almoços e a reuniões. Torna-se familiar nos céus de Paris e é comum vê-lo pousar suavemente na rua e sair, impecavelmente vestido, entrar num bar e pedir um café.
Santos-Dumont estimula outros aventureiros. Em 1909, Blériot atravessa o canal da mancha. Em todos os países civilizados começam a construir fábricas, hangares pistas. Iniciam-se as linhas postais e a de passageiros.
O pai do vôo autônomo.
A principal conquista de Santos Dumont foi ser o primeiro homem no mundo a voar em aparelho mais pesado que o ar utilizando unicamente os recursos do próprio aparelho.
Foi o primeiro a construir e pilotar o avião que cumpriu todos os requisitos básicos de vôo usando apenas os meios de bordo: táxi, decolagem, vôo nivelado e pouso. Além disso, foi o primeiro que demonstrou isso publicamente. Seu vôo pioneiro contou com a homologação do órgão oficial de aviação da época, o L’Aéro-Club de France.
14Bis. Essa denominação adveio do fato de Santos Dumont, inicialmente, ensaiar o novo aparelho acoplando-o ao seu balão-dirigível Nº. 14.
O Prêmio Archdeacon, estabelecido em julho de 1906, estimulou os inventores do mundo para a realização do primeiro vôo autônomo de mais de 25 m com aparelho mais pesado que o ar.
O 14Bis estava, inicialmente, equipado com um motor de apenas 24 Hp, a gasolina, tipo Antoinette, com 8 cilindros (4×4, em “V”), construído por León Levavasseur. As asas eram formadas por seis “células de Hargrave”. Cada célula tinha a forma de cubo com duas faces vazadas. Os “lemes” compunham uma “célula de Hargrave”. Todas as superfícies do 14-bis eram de seda japonesa; as armações, de bambu e pinho; as junções da estrutura e as hélices, de alumínio; e os cabos-de-comando de aço.
A configuração usada por Santos Dumont no 14Bis, a qual veio a ser batizada em aviação como “canard” (pato, em francês), por apresentar os lemes na parte dianteira do avião. A configuração “canard” não é a melhor para a estabilidade e o controle de um aeroplano, sendo por isso menos usada posteriormente. Nos seus inventos seguintes, como os aviões nº. 15 e Demoiselle, Santos Dumont não mais usou aquela configuração.
Ficha técnica do 14-Bis:
Conquista do “Prêmio Archdeacon”
Em 23 de outubro de 1906 (16h45), após corrida no solo de 200m, o 14-bis voou a distância de 60 m, à altura de 2 a 3 m, em 7 segundos (s). Santos Dumont conquistou, com esse vôo, o prêmio estabelecido pelo capitalista francês Ernest Archdeacon concedido ao “primeiro aviador que conseguisse voar distância de 25 m com ângulo máximo de desnivelamento de 25 %”.
A notícia rapidamente espalhou-se e foi muito publicada nos jornais do planeta. O “The Illustrated London News”, de Londres, em 03 de novembro de 1906, publicou: “The first flight of a machine heavier than air: Mr. Santos Dumont winning the Archdeacon Prize”.
Na mesma ocasião, o norte-americano Gordon Bennet, fundador e proprietário do famoso “New York Herald”, escreveu no seu jornal sobre a façanha de Santos Dumont: “The first Human mechanical flight”.
Assim também foram as manchetes de vários outros grandes jornais em todo o mundo.
Além do Aeroclube da França,a Federação Aeronáutica Internacional (FAI) noticiaram a conquista do prêmio, pois o 14-bis voara muito mais do que o limite mínimo de 25 m.
A Conquista do Prêmio Aeroclube da França e do Primeiro Recorde Oficial de Aviação estavam mais que registrados. Sobre os irmãos Wright… Nada! Nenhuma linha.
O Prêmio do Aeroclube da França, de 1500 francos, também estabelecido em julho de 1906, foi destinado ao primeiro homem no mundo que realizasse, com os próprios meios do aparelho, vôo de mais de 100 m de distância com ângulo máximo de desnivelamento de 10 graus.
Vinte dias após o seu grande feito de 23 de outubro, Santos Dumont apareceu com o 14 bis aperfeiçoado e trazendo uma novidade tecnológica: “ailerons”, superfícies móveis colocadas nas asas, uma em cada lado, para melhorar o controle lateral do avião.
Nesse vôo, Santos Dumont decolou contra o vento. O 14-bis voou a uma distância de 220m, à altura de 6m com duração de 21 s e 1/5 e velocidade média de 37,4 km/h.
O vôo de 220 m do dia 12 de novembro foi homologado pela Federação Aeronáutica Internacional (FAI) como o primeiro recorde mundial de aviação. Recorde de distância de vôo, sem escala, de aparelho mais pesado que o ar. A FAI também considera o penúltimo vôo do 14Bis, naquela data, como o primeiro recorde de velocidade: 41,292 km/h.
A revista norte-americana “National Aeronautics” (nº 12, volume 17, de 1939), órgão oficial da “National Aeronautics Association” sediada em Washington (EUA), também registrou o vôo de 220 m de Santos Dumont em 12 de novembro de 1906 como o primeiro recorde de aviação do mundo. A revista descreveu os posteriores recordes de distância de vôo.
Em 18 de setembro de 1909, com o Demoiselle nº 22, aos 36 anos de idade, Santos Dumont realizou o seu último vôo como piloto, segundo vários de seus biógrafos. Em Saint Cyr, Paris, sobrevoou o público com os dois braços abertos, fora dos comandos e um lenço em cada mão. Ele soltou-os em vôo, aplaudido.
As outras invenções de Santos Dumont
• Balão a gás de pequeno porte que revolucionou a construção de aeróstatos. Foi batizado de Brasil, em homenagem à terra natal de Dumont.
• Dirigível: ao colocar um motor movido a petróleo num balão a gás, Dumont inventou o primeiro dirigível.
• O precursor do ultraleve: o Demoiselle 20, um avião menor, mais rápido e com maior possibilidade controle que o 14 Bis, foi o último invento aeronáutico de Dumont. E o primeiro ultraleve da história. Tinha 115 kg, envergadura de 5,50m e comprimento de 5,55m.
• O relógio de pulso: Dumont pediu ao amigo Cartier que transformasse o relógio de bolso em relógio de pulso, colocando alças no lugar da corrente, de modo que ele pudesse controlar facilmente o tempo que passava no ar.
• Hangar com portas de correr: em 1900. O primeiro hangar do mundo tinha 11 metros de altura, 7 metros de largura e 30 metros de extensão.
E sobre os irmãos Wright… Nada!
Em 1914 começa a Primeira Grande Guerra novas armas surgem: submarinos, gases tóxicos, carros blindados, balas explosivas e aviões. Quando a guerra acaba, há dez milhões de soldados mortos, cidades destruídas, milhões de civis mortos ou sem lar.
Santos Dumont assiste horrorizado à transformação do seu invento em mais um recurso da morte. Apela aos países em guerra para que seja proibido o armamento aéreo. Ninguém o ouve e ele cai em depressão profunda. Não inventara o avião para isso!
Bastante deprimido decide comprar um terreno em Petrópolis, perto do Rio e ali constrói uma casa com invenções que anteciparam alguns dos eletrodomésticos. Batizada carinhosamente de Encantada é lá que escreve o livro: O Que Eu Vi, o Que Nós Veremos. Nessa época procura dar uma ajuda ao governo brasileiro, oferecendo conselhos sobre a construção de aeroportos, a formação de pilotos e a construção de aviões.
Em 1922 volta a Paris. É convidado para presidir ao banquete de homenagem a Charles Lindbergh que atravessou o Atlântico Norte, mas a doença não permite que compareça. Em 1928 volta ao Brasil e continuam as homenagens: a Legião de Honra Francesa, um lugar na Academia Brasileira de Letras (que nunca ocupou efetivamente).
Santos-Dumont ignora honrarias e nem sequer registra as patentes das suas múltiplas invenções. A depressão ataca-o cada vez mais profundamente. Sente-se culpado por todos os acidentes aéreos, pelo aproveitamento militar do seu esforço científico, por tudo o que de mal a aviação passaria a significar.
Com menos de sessenta anos é um velho doente e taciturno.
Naquela tarde de julho decide não esperar mais e depois de ajudar a levantar a última pipa decide retirar-se do mundo para sempre.
Alguns anos depois a União Astronômica Internacional decidiu batizar a cratera onde Neil Armstrong desceu no chão da Lua com o nome do inventor brasileiro.
A cratera lunar se chama – Santos Dumont! Ele estava certo: o homem podia voar!
Para saber mais sobre a aviação na Primeira Guerra assista FLYBOYS