Test Ride: Rodando com uma Kawasaki Versys e uma Suzuki VStrom.
Teste Ride Versys 650
Parecido não quer dizer igual. A Versys 650 da Kawasaki é um desses eventos que confirma a máxima. Nos testes que fiz com esta moto, a seis mãos (com a ajuda de dois amigos), comprovei a impressão que eu tinha dela.
Versys significa Sistema Versátil. A moto foi lançada em 2006 no exterior e de lá para cá tem feito muito sucesso. Foi somente em junho 2010 que ela começou a ser importada do Japão para o Brasil. Trata-se realmente de uma moto versátil para o trânsito urbano e com um ótimo desempenho em estrada, inclusive para viagens.
A moto é bem agressiva mesmo com um motor de dois cilindros em paralelo. Posso afirmar que ela é uma boa surpresa em todos os sentidos, dentre eles a sensação de segurança que ela passa ao piloto, seja ele, iniciante ou experiente.
Vamos aos testes:
O teste noturno tinha como objetivo ver como a Versys se comportava em relação a faróis, retomada, frenagem com e sem garupa. Na ida Francinildo – primeiro a pilotar a Versys – levou na garupa seu filho Gabriel. Na volta retornei na Versys.
Fomos, respectivamente, na VStrom e Versys para termos uma medida de comparação real com relação a estes pontos.
Nesta fase a VStrom mostrou ser uma moto com excelentes faróis enquanto a Versys, que apesar de ter faróis independentes – um em cima do outro e mesmo acendendo os dois faróis quando em luz alta- com garupa ficava com os faróis desalinhados e jogava um pouco pra cima a ponto de reduzir a visibilidade em algumas curvas por conta de se perder contato visual com a saída dela e em algumas vezes com a faixa.
Sem garupa ela não apresenta este problema, o que faz com que seja necessário o ajuste dos faróis caso vá ter que viajar à noite com garupa. A regulagem é relativamente fácil e pode ser feita sem precisar desmontar nada, bastando apenas ajustar o foco do farol mediante o uso de uma chave de boca em ‘L‘ um pouco mais comprida ou um adaptador que permita cobrir esta distância.
Ela impressionou tanto a mim quanto a Francinildo Gurgel pelo torque, leveza, dirigibilidade, suspensão, capacidade de retomada e facilidade para fazer curvas mesmo à noite com os faróis um pouco desregulados por conta do peso na garupa. Como moto para viagem, Francinildo escolheu a VStrom e deu vantagem a esta última no item ‘conforto’ e ‘menor vibração’ do motor em alta por conta da diferença na disposição dos cilindros nas duas motos onde na Versys é em linha e na VStrom em “V”. Para ele a Versys de zero a 100km/h é mais rápida, porém acima disso a diferença fica por conta da vibração do motor de dois cilindros.
No test ride de 380 km percorremos vários tipos de estrada. Asfalto bom, pista com asfalto ondulado, calçamento e terra com e sem garupa. De Saboeiro a Santana do Cariri no Ceará, Ricardo Quinderé foi conduzindo a moto indo até o Mirante do Cruzeiro onde subimos até o topo da Chapada do Araripe em estrada de terra e muita pedra.
A Versys se comportou muito bem e segundo Ricardo a moto não dançou, não sobrou e passou ótima sensação de segurança. A VStrom na terra as vezes dá uma ‘dançadinha’ de frente e precisa ficar bem ligado para não tomar sustos.
Segundo a avaliação do Ricardo a Versys é uma moto para você “viajar sem sustos ao Chile”. A sensação de segurança, de dominar facilmente a moto tanto em curvas como em frenagens, a posição de dirigir e a resposta em retomadas o deixou bastante satisfeito ao ponto de cogitar uma possível migração para uma dessas no futuro. Outra surpresa para ele foi o desempenho dela em terrenos irregulares, inclusive em terra. Para Ricardo a autonomia das duas motos é equivalente e 300 km com um tanque está mais do que bom para um viajante estradeiro.
A VStrom na estrada, na minha opinião, é uma delícia. O entre-eixos mais longo, com bagageiro e encosto para o garupa (na versão testada) mostra de cara todas as suas vantagens e dentre elas podemos ressaltar a pouca influência do vento sobre o piloto além de um excelente desempenho em curvas, mas nas retomadas a Versys mostra-se melhor. Em ambas a posição de dirigir é excelente e cansa pouco.
Na volta do Mirante do Cruzeiro foi a minha vez de descer pilotando a Versys. Segui nela até Iguatu (182 km). O mais interessante entre as surpresas que a Versys nos proporciona é ser boa de curvas, ter uma suspensão mais alta (mas que não prejudica a parada para pessoas de baixa estatura como eu – 1,65 m) e a boa autonomia – 300 km com um tanque de 19 litros. A média ficou entre 19km/litro e 20 km/litro. A volta foi feita à noite e como os faróis da VStrom são melhores vim como ferrolho aproveitando a iluminação gerada pelas duas VStrom que vinham à frente.
Na estrada a Versys se comporta de forma brilhante. Apesar de o para-brisa ser bem pequeno ele reduz bastante o impacto do vento frontal e não chega a incomodar em nenhum momento, principalmente no meu caso que ultimamente estava pilotando uma Bandit Naked 1250cc.
Na ida fui o trecho até Saboeiro com garupa na Versys . De Saboeiro a Santana do Cariri fui na VStrom. A subida ao Mirante do Cruzeiro foi sem garupa e feita pelo Ricardo. Na volta vim sem garupa o trecho todo.
Test Ride de 1.020 km
O teste ride da Versys de 1.020 km foi realizado em três dias. A primeira rota foi saindo de Iguatu, Ceará até Aracati, Praia de Canoa Quebrada, CE. Neste trecho rodamos em BR e apenas um pequeno trecho de 52 km de estrada estadual. Neste trecho a Versys andou bem e respondeu de forma excelente em ultrapassagens e curvas. A média de consumo do trecho foi de 19 km/l por conta de uma tocada mais forte.
Versys x urubu – a Versys passou bem.
O fato a destacar é a ótima qualidade dos freios e a segurança que esta moto proporciona em condições adversas. Todos sabemos que urubus são aves perigosas e que conseguem derrubar até avião, quanto mais uma moto. Pois é. Eu matei um urubu na estrada com a Versys.
O danado do bicho simplesmente resolveu voltar em voo rasante vindo em direção ao meio da moto. Freei o máximo para retardar o impacto e ainda assim a uma velocidade de 60 km por hora o bicho acertou a ponta do para-lama dianteiro em seguida o amortecedor e caiu morto no chão. Parei na frente e a moto não desequilibrou ou desalinhou. Depois do susto apenas a ponta do para-lama trincou.
O fato mostra que a Versys é uma moto controlável até mesmo em situações de risco como essa ou em uma correção de rota numa curva. O para-lama já foi consertado a um custo de apenas trinta reais.
No segundo trecho, um sábado saí de Aracati para Fortaleza. Um trecho de 130 km a maioria dele em pista duplicada e totalmente nova. A média de consumo se manteve a mesma para uma tocada mais forte.
De volta a Iguatu na segunda-feira a rota de 380 km foi feita em três horas e meia com duas paradas sendo uma para abastecimento e outra para um lanche. Média de consumo na faixa de 19,4 km por litro.
A suspensão da Versys
Um ponto muito importante em uma moto que se dispõe a ser uma turismo é a suspensão e nisso a Versys honra o nome por ser bem versátil e fácil de regular. No conjunto de chaves que vem com a moto estão inclusas todas as chaves que você precisa para poder realizar vários pequenos e médios reparos na moto, inclusive o ajuste de pré-carga da mola e se esta será mais suave ou mais dura.
É extremamente fácil fazer esta regulagem, bastando que você conheça o que deseja da moto. Se não sabe, minha recomendação é falar com o mecânico da sua assistência técnica da Kawasaki e assim descobrir a regulagem ideal. A moto vem regulada de fábrica para andar sem garupa e com a pré-carga da mola na posição ‘5’ e, portanto preparada para carregar até 70 kg de peso.
Andando com garupa será necessário regular a suspensão. Minha sugestão é não mexer na regulagem de pré-carga e deixar no ponto ‘5’ e regular apenas o ajuste de mais suave ou mais duro. Girando duas vezes o anel de regulagem (o qual você faz com aas mãos) você consegue adicionar pressão para que ela trabalhe bem com mais 69 kg de peso – isso é o peso médio de uma garupa. Esta regulagem vai ajudar a reduzir a desregulagem dos faróis evitando que eles fiquem bem acima do foco que deveriam estar além de melhorar a estabilidade da moto com peso extra.
A suspensão dianteira da Versys composta de Garfo telescópico invertido de 41 mm com retorno e pré-carga da mola ajustáveis e com 150 mm de curso proporciona uma pilotagem macia e segura. Essa suspensão ajuda muito na frenagem ao evitar que a moto enterre muito quando você precisar usar os freios com maior pressão.
A suspensão traseira é composta por monoamortecedor com retorno ajustável em 13 níveis e pré-carga da mola ajustável em sete níveis. Tantas opções de regulagem requerem experiência e ajuda da assistência técnica especializada para não deixar a moto com pouca dirigibilidade. Mexer nisso sem saber o que está fazendo pode deixar você em apuros em curvas, frenagens e até mesmo em relação ao desgaste prematuro dos pneus.
Os Freios
Os freios da Versys são compostos de disco duplo de 300 mm em forma de pétala, pinça com pistão duplo na dianteira e na traseira disco simples de 220 mm em forma de pétala, pinça com pistão simples. A versão avaliada não possuía ABS.
Os freios são muito eficientes e respondem rápido. Os freios aliados a suspensão da Versys proporcionam uma frenagem segura e uma sensação de que a moto não vai desalinhar ou se descontrolar facilmente quando os freios forem exigidos.
O Motor
O motor de dois cilindros paralelos, 649 cm³ de capacidade, duplo comando de válvulas no cabeçote (DOHC) e refrigeração líquida responde muito bem. Para se enquadrar ao projeto da Versys, o propulsor foi alterado para oferecer melhor rendimento em médios regimes, além de uma resposta mais linear. Injetado, na Versys o bicilíndrico gera 64 cv de potência máxima a 8.000 rpm (contra os 72 cv a 8.500 rpm na versão naked). O torque também fica um pouco abaixo: 6,2 kgfm a 6.800 rpm (contra 6,7 kgf.m a 7.000 rpm).
Ficha Técnica dos Testes
1 – Teste noturno:
Trecho – Iguatu, CE a Acopiara, Ce à noite.
Distância – 72 km ida e volta.
Tipo de estrada – estreita e cheia de curvas – aproximadamente umas 32 – quase uma curva a cada quilômetro.
Pilotos – Francinildo Gurgel – piloto experiente de Hayabusa, Bandit 1250, VStrom dentre outras com mais de 15 anos de pilotagem. Luis Sucupira – piloto com 20 anos de experiência – de 50cc a 1250cc – nas marcas Honda, Yamaha, Suzuki, Kasinski e agora Kawasaki.
2 – Teste ride de 370 km
Rota – Iguatu, Assaré, Nova Olinda e Santana do Cariri – todas as cidades no Ceará.
Tipo de estrada – Asfalto, calçamento e terra entre Santana e o Mirante do Cruzeiro.
Pilotos – Luis Sucupira e Ricardo Quinderé – piloto com 30 anos de experiência em todas as marcas. Ainda não tinha pilotado uma Versys. Apaixonado por VStrom.
3 – Test Ride – 1.000 km
Rota – Iguatu a Aracati no Ceará – Encontro de Motociclistas em Aracati – Motofest. Aracati – Fortaleza e Fortaleza a Iguatu.
Tipo de estrada – Asfalto mesclando BR e Estaduais em bom estado de conservação.
Piloto: Luis Sucupira
Conclusão Versys ou VStrom ?
É impressionante como dois projetos totalmente diferentes na sua arquitetura de construção conseguem ter desempenho e resultado absolutamente parecidos e em alguns pontos igual.
Em nossa opinião – e a unanimidade em torno disso que fez com que toda comparação se encerrasse daí pra frente – foi a de que as duas motos nada tem a ver uma com a outra. São motos com arquiteturas totalmente diferentes, mas que apresentam resultados muito semelhantes, como já dissemos. A diferença entre elas, na opinião de Francinildo, é que “a VStrom é mais adequada para uso na estrada com ou sem garupa e a Versys para uso na cidade, na estrada, porém para viagens mais curtas, principalmente se for levar garupa”.
De acordo com Ricardo “se você prefere um Opala na estrada vai escolher a VStrom, mas se prefere um Vectra – digamos assim – vai escolher a Versys”. Boa definição.
Agradecimentos Especiais – Telha Veículos Chevrolet por disponibilizar a nova S10 para ser nosso carro de apoio. Exposição Hotel, Ricardo Quinderé e Francinildo Gurgel, dois grandes irmãos que me auxiliaram neste desafio. Motoclibe Guerreiros do Sol – Ceará, Brasil.
Ficha Técnica
Versys
Motor | |
Cilindrada | 649 cc |
Diâmetro x curso | 83,0 x 60,0 mm |
Taxa de compressão | 10,6:1 |
Sistema de válvulas | DOHC, 8 válvulas |
Potência máxima | 47 kW (64 CV) / 8.000 rpm |
Torque máximo | 61 N·m (6,2 kgf·m) / 6.800 rpm |
Sistema de combustível | Injeção eletrônica |
Sistema de ignição | Bateria e bobina (ignição transistorizada) |
Sistema de partida | Partida elétrica |
Sistema de lubrificação | Lubrificação forçada (cárter semiúmido) |
Chassi | |
Rake / Trail | 25° / 108 mm |
Suspensão dianteira | Garfo telescópico invertido de 41 mm com retorno e pré-carga da mola ajustáveis |
Suspensão traseira | Monoamortecedor com retorno ajustável em 13 níveis e pré-carga da mola ajustável em 7 níveis |
Curso da suspensão dianteira | 150 mm |
Curso da suspensão traseira | 145 mm |
Pneu dianteiro | 120/70ZR17M/C (58W) |
Pneu traseiro | 160/60ZR17M/C (69W) |
Freio dianteiro | Disco duplo de 300 mm em forma de pétala, pinça com pistão duplo |
Freio traseiro | Disco simples de 220 mm em forma de pétala, pinça com pistão simples |
Ângulo de direção(esq. / dir.) | 35° / 35° |
Dimensões | |
Comp. x Larg. x Alt. | 2.125 mm x 840 mm x 1.330 mm |
Distância entre eixos | 1.415 mm |
Distância do solo | 180 mm |
Altura do assento | 845 mm |
Capacidade do tanque | 19,0 litros |
Peso em ordem de marcha | 206 kg / 209 kg (ABS) |
VStrom
Ficha Técnica:
Motor: | 4 tempos, 2 cilindros V-Twin 90 graus, 8 válvulas, DOHC, refrigeração líquida |
Cilindrada | 645cm3 |
Potência: | 67 HP (métrico) a 8.800 rpm |
Torque: | 6,12 kgfm a 6.400 rpm |
Diâmetro x Curso | 81,0 x 62,6mm |
Taxa de Compressão: | 11,5:1 |
Transmissão: | 6 velocidades |
Sistema de Transmissão: | Corrente |
Sistema de Lubrificação: | Cárter úmido |
Alimentação: | Injeção Eletrônica |
Tipo de Ignição: | Eletrônica |
Sistema de Partida: | Elétrica |
Comprimento total: | 2.290mm |
Altura total: | 1.390mm |
Entre eixos: | 1.555mm |
Distância do solo: | 165mm |
Altura do assento: | 820mm |
Peso (seco): | 194 Kg |
Suspensão dianteira: | Telescópica de amortecimento hidráulico, mola helicoidal com ajustes de pré-carga da mola. |
Suspensão traseira: | Balança tipo link de monoamortecimento hidráulico, mola helicoidal com ajuste de pré-carga da mola, ajuste de força de retorno Freio dianteiro: Duplo disco ventilado flutuante de 310mm com pinças deslizantes de 2 pistões |
Freio traseiro: | Disco ventilado com pinça deslizante de 1 pistão |
Pneu dianteiro: | 110/80 R19 M/C 59H, sem câmara |
Pneu traseiro: | 150/70 R17 M/C 69H, sem câmara |
Tanque: | 22 litros |
Óleo do motor: | 2,7 litros (com troca do filtro de óleo) |