Primeiras Impressões: A VERSYS 1000 no clima do Nordeste.

Primeiras Impressões: A VERSYS 1000 no clima do Nordeste.

Nova Kawasaki Versys 1000cc - Surpreendente.
Nova Kawasaki Versys 1000cc – Surpreendente.

Sistema Versátil (Versity System) ou simplesmente Versys. Quando a Kawasaki decidiu desenvolver uma motocicleta versátil talvez não imaginasse que este conceito acertaria em cheio os amantes do aventurismo e daqueles que também queriam uma moto que pudessem usar no dia-a-dia.

Desde a primeira vez que tive a oportunidade de pilotar este projeto eu tive a nítida impressão que era algo que veio para ficar. Depois do sucesso da Versys 650cc a Kawasaki lança a Versys 1000cc a primeira bigtrail-granturismo (mistura minha mesmo) com motor de quatro cilindros e algumas boas surpresas.

 

A preparação

Como ela se comportaria no clima do Nordeste?
Como ela se comportaria no clima do Nordeste?

Um dia antes de testar a moto fui trocar ideia com o pessoal da Nikkei Motos de Fortaleza para saber mais sobre ela. Conversei com o Marcus Fontenelle e o Daniel Policarpo para saber tudo sobre a moto. Neste mesmo dia tivemos reunião com a equipe do Motorizados.tv para acertar os detalhes da gravação do teste que seria feito no dia seguinte.

Decidimos fazer um teste que avaliasse seu uso no clima do Nordeste do Brasil e o lugar escolhido foi a Praia do Porto das Dunas (situado em Aquiraz, Ceará – onde fica o Complexo Turístico do Beach Park), lugar onde as condições do vento, temperatura, asfalto, estrada e claro – as paisagens, ou seja: onde todos os fatores eram mais comuns de encontrar no Nordeste Brasileiro.

Ciclística

O teste começou às 9:30h e foi até às 15:00h. Temperatura média de 30º. Vento vindo do mar a uma velocidade média de 40km/h (bom para praticar o Kite Surf) que em alguns momentos pegava a moto lateralmente. Estava um dia lindo, céu azul e um mar esverdeado. O peso da Versys 1000 neste ponto se torna uma vantagem por sofrer menos com o vento lateral do que a Versys 650 que é mais leve.

Moto pronta, câmeras a postos – começamos o primeiro trecho pegando o pesado trânsito da região da Aldeota. Quem mora em Fortaleza sabe que este é um dos trechos mais travados da cidade e com um trânsito horrível a qualquer hora do dia e que sempre consegue piorar na hora do rush. Estar numa moto em um lugar como esse faz toda a diferença. Queríamos ver como ela se comportava no trânsito pesado, e aqui a minha primeira boa surpresa.

Para quem tem 1,65 de altura a Versys não me incomodou, nem assou as pernas e muito menos briguei com o peso dela.Para quem tem 1,65 de altura a Versys não me incomodou, nem assou as penas e muito menos briguei com o peso dela.
Para quem tem 1,65 de altura a Versys não me incomodou, nem assou as pernas e muito menos briguei com o peso dela.

A ciclística da Versys 1000 faz você esquecer que ela é uma moto grande e pesada. Basta movimentá-la para esquecer os seus quase 240 quilos. Andei no corredor junto com as motos pequenas. Além de chamar a atenção de todos por onde passava a Versys 1000cc não decepcionou. No início eu achava que iriam ‘assar’ as pernas no calor do motor, que brigaria com o peso dela e suaria em bicas. Mas não foi como eu pensava. Depois dos primeiros 300 metros eu esqueci que era uma moto de 1000cc e me empolguei tanto que desapareci do campo de visão da equipe de filmagem e as únicas imagens captadas, nesta fase de testes, foram feitas pela câmera instalada no tanque da moto. O André Luiz Sucupira quando viu o resultado me disse: “parecia um game”.

Eu tenho 1,65m de altura (baixinho mesmo) e o banco da Versys fica a 845mm do chão, portando, uma altura complicada para pessoas da minha estatura. Mesmo assim em nenhum momento isso me incomodou. Não ‘assei’ as pernas e não precisei brigar com o peso da moto.

Boa de freios e excelente em curvas.
Boa de freios e excelente em curvas.

O ângulo de caster/trail de 27º. a coloca no patamar de uma boa moto para curvas e manobras rápidas. Quanto menor é o ângulo de inclinação, melhor é para fazer curvas. A média ideal para motos de rua fica em torno de 32º. Aliado a isso a Versys tem chassi em alumínio (o que deixa a moto menos pesada), ângulo de esterçamento de 34º. para esquerda e direita; um entre eixos de 1.52m e altura do solo em torno de 155mm ou 15,5cm. Uma boa combinação para fazer curvas, manobras rápidas e conforto.

 

Motor

De 0 a 100 km/h em menos de 5 segundos.
De 0 a 100 km/h em menos de 5 segundos.

Os quatro cilindros em paralelo somados apontam para uma dimensão de 1.043 centímetros cúbicos (diâmetro x curso 77,0mm x 56,0mm) e uma taxa de compressão de 10,3:1. O sistema de válvulas é DOHC e possui 16 válvulas (quatro por cilindro – 02 de admissão e duas de escape). A potência máxima desse brinquedo é de 86,8kW ou 118 cavalos (CV) a 9000 rpm. O torque máximo da Versys é de 102N-m ou 10,4 kgf-m a 7.700 rpm.

Os 4 cilindros proporcionam uma pilotagem mais confortável.
Os 4 cilindros proporcionam uma pilotagem mais confortável.

Tudo isso é alimentado por um sistema de injeção eletrônica, dotado de ignição digital e partida elétrica, que, aliás, é acionado rapidamente – tocou-ligou (resultado do tipo de ignição adotado na partida – com sequência 1-2 – que usa menos carga da bateria para acionamento do motor).

A autonomia da Versys é adequada para o projeto. O tanque tem capacidade de 21 litros. No nosso teste que contemplou trechos travados com outros de média e alta velocidade, arrancadas e freadas fortes, além de reprogramações constantes no KTRC a média de consumo ficou em 11.7km/l. Em velocidade de cruzeiro a Versys 1000cc consegue chegar a 18km/l. Dessa forma a sua autonomia (range) oscilará entre 245km e um máximo de 378km. Uma ótima autonomia, portanto.

A transmissão por corrente, movimentada por um sistema de embreagem multidisco banhado a óleo foi outra surpresa. Acostumado com o tranco e a dureza do câmbio da Versys 650cc, minha surpresa foi me deparar com um câmbio macio, porém bastante preciso no engate.

KTRC - regulagem a gosto ou quando precisar enfrentar pisos com baixa aderência.
KTRC – regulagem a gosto ou quando precisar enfrentar pisos com baixa aderência.

Aqui vale destacar o KTRC – Controle de Tração Kawasaki. São várias as combinações possíveis facilmente acessadas pelos comandos instalados ao lado da manopla esquerda ou diretamente no painel.

A programação permite que você opte pela entrega total de potência do motor (modo Full) ou uma moto mais bem comportada (Low). Nele, o motor entrega 75% de sua potência. Os dois modos podem ser combinados com o KTRC Kawasaki que pode ser programado em ‘Off’ sem controle de tração – ou nos modos 1, 2 ou 3. Testei vários deles, porém o que achei mais interessante em nível de resposta foi ‘Potência Full’ com o KTRC no modo ‘1’. Testei ainda o modo ‘Light’ com o KTRC no modo ‘3’. Neste ajuste a moto ficou com a saída semelhante a Versys 650cc. É importante lembrar que o nível três do KTRC é recomendado para piso escorregadio; o primeiro é para solo seco e com pneus novos; e o segundo oferece controle intermediário, para uso de rotina. Por ter sido um teste ride e não um teste completo, não avaliei a condição de consumo de cada uma dessas combinações.

 

Suspensão e Pneus

Ajuste de suspensão dianteiro.
Ajuste de suspensão dianteiro.

A suspensão da Versys é confortável e muito eficiente quanto a manter a moto em contato permanente com o chão, podendo ter a pré-carga de retorno da mola e dos amortecedores dianteiros regulados do modo mais suave (Soft) ao mais duro (Hard). A regulagem é muito fácil e pode ser realizada com a mão – no caso da suspensão traseira – e com uma simples chave que vem no kit para a suspensão dianteira.

Na frenagem, ela ajuda a manter o contato com o solo e, numa frenagem gradual, atua de forma a aumentar, com melhor eficiência, a área de contato do pneu dianteiro com o solo. Um dos testes que fiz foi usar o ABS, pressionando com força para que travasse ou ‘quicasse’ por conta do asfalto ondulado. A suspensão ajudou a aumentar a área de contato e copiou o solo de forma a ajudar o ABS a fazer seu papel de parar sem travar.

Ajuste de suspensão traseira. Pode ser feito com a mão.
Ajuste de suspensão traseira. Pode ser feito com a mão.

A Versys 1000 usa pneus para asfalto com característica esportiva. Na dianteira temos um 120/70ZR17M/C (50W) e na traseira um 180/55ZR17M/C (73W). A sigla ‘ZR’ indica que é um pneu esportivo (Z) de estrutura radial (R). A referência 58W indica que é um pneu que suporta até 236 quilos de peso e velocidade de até 270km/h. Já o traseiro, em relação ao dianteiro, possui uma única diferença e é na capacidade de peso – que vai até 365 quilos.

 

 

Freios

Freios ABS
Freios ABS

O freios ABS da Versys 1000 compostos de disco duplo de 300 mm em forma de margarida, dotados de pinça com pistão duplo na dianteira e disco simples de 250 mm na traseira com pinça e pistão simples merecem destaque pela resposta. São confiáveis e respondem muito bem tanto na roda dianteira como na roda traseira. O sistema vem ainda com um EBD – um software que atua no KTRC e corrige diferença de peso colocado na garupa e na frente. Isso permite melhor eficiência, pois controla também a diferença de velocidade entre as duas rodas.

ABS na traseira.
ABS na traseira.

 

No teste que fiz utilizei na frenagem forte apenas o freio dianteiro e consegui parar sem sustos. Outra vez testei apenas com o traseiro e obtive o mesmo resultado. A combinação dos dois freios mostrou todo o poder que este recurso tem de parar a moto com segurança ou mesmo frear numa curva sem correr riscos ou tomar sustos.

 

 

 

Acabamento

Mais conforto na versão 1000cc.
Mais conforto na versão 1000cc.

Apesar de ser uma moto de grande porte, com visual agressivo, a Versys possui um acabamento impecável. Já sai de fábrica com a grelha para levar bagagem ou colocar um baú traseiro sem precisar usar o banco do carona – coisa que sinto muita falta na Versys 650cc.

A versão completa traz ainda tomada tipo isqueiro (cuidado ao usar na chuva – se o contato não for à prova dágua há sérios riscos de um curto circuito) e baús laterais (32 litros) e traseiro (45 litros) projetados pela GIVI com a marca da Kawasaki. Depois de muito fuçar não vi em nenhuma parte da moto cantos arranjados ou vivos. Peças em encaixe forçado não existem. Tudo no seu acabamento foi projetado para ser usado nela, sem arranjos ou adequações técnicas (as famosas ‘gambiarras’ comuns em alguns projetos). Os bancos são mais largos e o efeito memória da esponja é mais acentuado que na Versys 650cc, principalmente para o garupa que tem um assento maior, mais largo e com mais espuma.

Na versão completa a Versys 1000 traz o aquecedor de manopla. Recurso importante para quem vai realizar viagens para climas frios. No Nordeste Brasileiro este recurso servirá apenas para manter aquecida a mussarela, a carne-seca ou o bacon do sanduba.

 

Painel

Ajuste e seleção de comandos no painel acessível também na manopla.
Ajuste e seleção de comandos no painel acessível também na manopla.

O painel é um dos mais completos. Além de o conta-giros estar bem visível, ele fornece temperatura ambiente, temperatura do motor, consumo médio por litro, luzes de alerta para problemas com ABS, KTRC – por exemplo; pisca, luz alta e pisca alerta – dois odômetros parciais (trip 1 e 2) e o ‘range’ que informa a autonomia em quilômetros. Este último é de grande utilidade para viagens, pois permite que você dose o punho de forma que consiga ter uma boa quilometragem por litro com um consumo médio aceitável, aumentando ou diminuindo a autonomia dependendo de como você pilota. É um recurso fundamental em viagem.

Bolha - regulagem fácil a qualquer tempo.
Bolha – regulagem fácil a qualquer tempo.

 

Outro recurso interessante é a regulagem da bolha que protege o piloto do vento frontal. Além de ter um tamanho que protege mais que na Versys 650 ele pode ser regulado com as mãos, sem uso de chaves e mesmo de luvas. Muito prático.

 

 

 

Conclusão

Tecnologia de ponta e uma ciclística que faz jus ao projeto – Sistema Versátil.
Tecnologia de ponta e uma ciclística que faz jus ao projeto – Sistema Versátil.

Se eu já era fã da Versys 650cc, a Versys 1000 me conquistou definitivamente. Gostei do projeto e do conjunto, principalmente como todas as forças e recursos foram agrupados proporcionando confiabilidade, conforto, respostas rápidas, painel com informações fáceis de ler e interpretar, tecnologia de ponta e uma ciclística que faz jus ao projeto – Sistema Versátil.

A família Versys não é apenas esportiva, bigtrail ou uma granturismo. São na realidade as três coisas numa moto só, talvez por isso seja, pelo menos, um projeto diferente das demais concorrentes.

A moto testada vem com o PPS – Preço Público Sugerido de R$ 49.990,00 para a Versys 1000ABS 2013. O modelo Grand Tourer ABS 2013 tem o PPS de R$ 56.990,00.

AGRADECIMENTOS:

Motorizados.tv – Foi a primeira matéria que fiz profissionalmente com meu filho ( e sua equipe) André Luiz Sucupira e sob sua direção. Para um pai é um momento único poder dividir com o filho a paixão por motores e motos e ainda termos a mesma profissão. A diferença é que o André Luiz veio na versão, digamos, Versys 1000 (1,82 de altura) e eu na versão Versys 650 (1,65 de altura).

A gente se vê na estrada!

Visited 1 times, 1 visit(s) today

Luis Sucupira

Editor-Chefe do Portal Você e Sua Moto é Jornalista, escritor, (Casa Amarela – UFC) diretor e roteirista de cinema, tv e vídeo. Colunista de sites Motonline, Motonauta, revista Motoboy Magazine, Pro-Moto.Autor do livro GUIA DO MOTOCICLISTA PRINCIPIANTE (Ed. NovaTerra - RJ - 2014). Organizador e idealizador dos eventos Iguatu Moto Week, Ubajara Indoor, Eusébio Moto Fest. Um apaixonado por motos, história! Motociclista há 36 anos.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *