COQUINHO: Quanto vale a sua cabeça?
A maioria dos motociclistas adora usar capacetes ‘estilosos’ que aproximam bastante do visual custom, radical etc. Mas não percebem que isso pode ter um custo alto: a sua vida. Recentemente o filho do Erasmo Carlos veio a falecer em decorrência de um acidente no qual, se estivesse usando o capacete correto, possivelmente estivesse vivo.
Acontece que o fato que aconteceu com o filho um dos Reis da Jovem Guarda poderia ter acontecido a qualquer um que insiste em andar com capacetes que apenas são bonitos, mas que não protegem.
Como tudo nesse Brasil, temos leis de sobra, mas falta autoridade. Não há fiscalização na venda de capacetes não certificados pelo INMETRO ou pelo menos pela SHARP (certificadora internacional sediada em Londres). O programa de ensaios do SHARP utiliza uma ampla gama de testes para fornecer aos pilotos uma enorme gama de informações sobre o quanto um capacete pode oferecer de proteção quando de um acidente.
O programa inclui orientações importantes sobre como escolher um bom capacete apropriado (Veja como encaixar seu capacete – http://sharp.direct.gov.uk/content/how-fit-your-helmet), mais seguro e melhor adequado ao motociclista. Os testes realizados pelo SHARP (veja neste link uma animação mostrando os testes que são executados http://sharp.direct.gov.uk/content/animation) – atribuem de uma e cinco estrelas. Pelo resultado dos testes, o desempenho da segurança dos capacetes pode variar em até 70% e isso também está relacionado ao preço final do capacete. Quanto à certificação do INMETRO para capacetes, eu tenho algumas reservas, principalmente no que trata dos capacetes tipo PET. Mas, gostando ou não, eles protegem mais que um tipo ‘coquinho’.
Meu irmão motociclista, a sua cabeça vale quanto?
Nos capacetes não homologados existe o aviso que o produto não atende às Normas vigentes sobre segurança e mesmo assim eles são vendidos e pior: tem quem compre e use. Ocorre que nem era para estarem na loja, pois capacete só pode ser vendido se houver pelo menos alguma certificação dada por algum órgão reconhecidamente competente para isso.
Não adianta explicar aqui que estes capacetes tipo ‘coquinho’ não vão proteger a sua cabeça e nem a sua vida, pois não foram feitos para isso. O rosto fica todo exposto, não há área de amortecimento de impacto e a parte que ele cobre é a que menos é atingida – o topo da cabeça. O maior índice de pancadas ocorre na cabeça, ficando o queixo direito com 18% e o esquerdo com 15%. O lugar menos atingido é o topo da cabeça. Portanto, eu não recomendo capacetes abertos. Acidentes de moto podem gerar forças de até 100Gs. É o mesmo que sofre um carro de corrida ao bater numa parede a 300 km/h.
No Brasil o uso do capacete é obrigatório e o disposto no inciso I dos artigos 54 e 55 e os incisos I e II do artigo 244 do Código de Transito Brasileiro, disposto na Resolução 203 de 29 de Setembro de 2006 determina que é obrigatório, para circular nas vias publicas, o uso de capacete pelo condutor e passageiro de motocicleta, motoneta, ciclomotor, triciclo motorizado e quadriciclo motorizado. Tem de estar devidamente afixado à cabeça pelo conjunto formado pela cinta jugular e engate, por debaixo do maxilar inferior e estar certificado por organismo acreditado pelo Instituto Nacional de Metrologia, Normalização e Qualidade Industrial – INMETRO, de acordo com o regulamento de avaliação de conformidade, por ele aprovado. Para fiscalização do cumprimento desta Resolução, as autoridades de trânsito ou seus agentes devem observar a aposição, nas partes traseiras e laterais do capacete de dispositivo refletivo de segurança (fita reflexiva) e do selo de identificação de certificação regulamentado pelo INMETRO, ou a existência de etiqueta interna, comprovando a certificação do produto nos termos do § 2º do artigo 1º e do Anexo da Resolução. O condutor e o passageiro de motocicleta, motoneta, ciclomotor, triciclo motorizado e quadriciclo motorizado, para circular na via pública, deverão utilizar capacete com viseira, ou na ausência desta, óculos de proteção. Entende-se por óculos de proteção, aqueles que permitem ao usuário a utilização simultânea de óculos corretivos ou de sol. É proibido o uso de óculos de sol, óculos corretivos ou de segurança do trabalho (EPI), em substituição aos óculos de proteção de que trata esta Resolução. Quando o veículo (moto, triciclo ou quadriciclo) estiver em circulação, a viseira ou óculos de proteção deverão estar posicionados de forma a dar proteção total aos olhos. À noite é obrigatório o uso de viseira no padrão cristal (supertransparente). É proibido colocar película na viseira do capacete e nos óculos de proteção. Se você está fora da Resolução, é multa na certa!
Você pode ser multado sem nem saber, pois o agente de trânsito não precisa pará-lo pra isso. Lembre-se que ele tem ‘fé pública’. E agradeça se ele não parou, pois além da multa que é a mesma de quem não estava usando o capacete, sua moto seria apreendida.
Outro grave vício de alguns motociclistas é usar o capacete sem que a cinta jugular ou presilha esteja bem fechada. De nada adianta ter um capacete de dois mil reais e deixa a cinta aberta. Em um impacto o capacete salta da cabeça e você, ao chegar ao chão, estará sem ele para lhe proteger. Já perdi amigos por isso e sempre cuido de cobrar deles este detalhe. Sempre digo que quando o piloto ou a máquina ou a pista ou mesmo os três falham, o equipamento de segurança tem que cumprir seu papel. Se falharem o homem, a moto e o sistema viário e o equipamento de segurança não cumprir o seu papel, será um grave acidente. Possivelmente, fatal.
Capacete não pode ser frouxo e nem muito apertado. Tem que ter viseira fechada e cinta presa.
Outro ponto que sempre alerto é quanto à viseira aberta. No Nordeste isso é algo comum por conta do calor e do natural embaçamento das viseiras PET de capacetes muito baratos. Porém, os seus usuários não tem ideia do que estão fazendo com a sua visão. Além de dar multa, andar com a viseira levantada permite que toda a sujeira em estado de suspensão por sobre a estrada venha a entrar no seu olho. Com o tempo irritações aparecem, infecções podem acontecer e uma pequena pedra pode entrar no seu olho e se vier com velocidade pode até mesmo ir parar no seu cérebro.
E aqui mais uma pergunta: Quanto vale a sua visão?
Hoje existem capacetes articulados ou não que possuem viseira interna homologada pelo INMETRO e que permitem levantar a viseira desde que a interna, geralmente fumê, esteja abaixada. Há soluções para os problemas de calor e também para capacetes mais bonitos, é só pesquisar.
Meu irmão motociclista, antes de mostrar-lhe a lei, devo, por obrigação, alertar a sua consciência. Não seria necessário fazer mais uma lei se não fosse a nossa teimosia ou falta de educação e ainda a falta de respeito para com a nossa vida e para com os sentimentos de nossos familiares e amigos para que você use o capacete e o equipamento de proteção corretamente. Não seria necessário escrever este texto, pois você não compraria capacetes que não protegem e as lojas não os venderiam. Mas como eu disse no início desta coluna: Leis nós temos de sobra. Falta autoridade e respeito.
Encerro com um apelo: Caro lojista não revenda capacete sem homologação. Caro irmão motociclista – não compre capacete sem homologação e use-o corretamente – viseira fechada e cinta presa. Todos os que amam você agradecem.