A pós-graduação dos índios Tabajara. Por Raul Nixon
As idas e vindas pelo estado do Ceará muitas vezes estão associadas a minha atividade profissional relacionada a docência , que além de me reapresentar o estado no qual nasci e vivo, também me possibilita a conhecer pessoas, lugares, muitas histórias e fazer novos amigos.
Uma dessas incursões ao estado, surgiu ao ser convidado a ministrar uma disciplina em um curso de pós-graduação na cidade de Monsenhor Tabosa. Cidade que já tive a oportunidade de conhecer em outros momentos: a primeira vez para também desenvolver um trabalho e na segunda vez para concluir uma parte do roteiro que estava fazendo dentro do desafio à motociclistas conhecido como Fazedores de Chuva. Entre vários desafios propostos, há um desafio que consiste em conhecer todas as sedes dos municípios de um estado.
Por conhecer o município e o roteiro da viagem, resolvi sair cedinho de casa, às 3:30 da manhã e deixar para tomar o café da manhã em Monsenhor Tabosa. Já esperando que o dia começasse chuvoso, deixei meus equipamentos de trabalho e os da viajem preparados para tal situação. Como já tinha dito em outra matéria, é um horário extremamente tranquilo para sair de Fortaleza, em virtude do quase inexistente trânsito.
Apesar da chuva que caia, segui o meu plano de viagem, chegado à Monsenhor Tabosa a tempo de tomar um bom café da manhã no “Restaurante da Leka”, próximo ao arco na entrada da cidade. Logo após o café, fui a procura do local onde as atividades se desenvolveriam.
A escola onde ocorreria a capacitação era de educação indígena e todos os professores que participariam do curso eram de origem Tabajara. Foi inevitável expor a minha felicidade em ver tantos professores se capacitando e empolgados em seus ofícios. Professores que acreditam na importância do seu trabalho e que mesmo diante de diversidades não se desmotivavam. Basta dizer que o aluguel da casa onde a escola funciona é rateado entre todos e que apesar de todas a dificuldades a escola tinha ficado em segundo lugar entre as escolas indígenas conforme uma avaliação do estado.
Ao Final das atividades junto aos novos amigos, fui presenteado com um ritual de agradecimento e proteção, segui em frente na busca de finalizar um roteiro de cidades a serem visitadas e que ainda não tinha completado. De Monsenhor Tabosa segui para Ararendá onde pernoitei. De Nova Russas a Ararendá foram um pouco mais de 30 Km debaixo de muita chuva.
Descansado e após o café da manhã na pousada, colhi algumas informações sobre o estado de algumas vias incluindo estradas de terra e parti para fazer meus registros em Poranga, Ipaporanga, Croatá, Guaraciaba do Norte, São Benedito e Graça, alternado entre vias de asfalto e terra.
Na subida da serra da Ibiapaba, entre Ipueiras e Croatá, já passando um pouco do horário do almoço, resolvi parar em um distrito de Ipueiras chamado de Nova Fátima. Próximo a igreja do distrito, conheci o Restaurante de Dona Maria, uma senhora simpática, que fez da entrada de sua casa uma restaurante muito acolhedor e que presenteia o seu visitante com muito acolhimento. Um lugar maravilho, onde Dona Maria e seu esposo ficaram famosos pelo restaurante e pela “colheita” fazia do famoso óleo de copaíba, extraído de uma velha copaibeira que existe em sua propriedade, dos pés de jabuticaba que cuida com muito carinho, da tradição de beber água de pote e outras mais. Foi um final de semana impar, fui agraciado com lugares belezas únicas, com pessoas maravilhosas, com sabores maravilhosos, e com boas histórias e boas conversas.
Amigos, convido a todos a redescobrir o Ceará, seja de carro, de moto, de bike, de ônibus ou qualquer outro meio de transporte. Mas devo alertar, é muito viciante. Um abraço a todos e até a próxima história.