A dura guerra contra o roubo de motos – Parte 2
Na primeira parte dessa matéria (A dura guerra contra o roubo e motos – Parte 1) mostramos fatos, dados e estatísticas do roubo de motos no Brasil. Na segunda e última parte vamos ajudar a você leitor a adotar uma postura preventiva para evitar que a sua moto seja roubada.
Muitos utilizam motocicletas como ferramenta de trabalho. Em vários lugares do Brasil o mototaxista e o motofretista são novas profissões que ajudam a sustentar a vida de muitas famílias e até pagam a faculdade de outro tanto da população que trabalha numa moto. Por outro lado existem os que utilizam carro e moto, seja a passeio ou a trabalho. Uns mais, outros menos. Não importa: todos nós estamos sobre duas rodas e corremos o mesmo risco.
Quais equipamentos você tem à sua disposição no mercado para proteger seu patrimônio?
Seguro: De todas as opções, o seguro é o mais eficiente e o que menos trabalho te dará. Porém, o preço dessa comodidade ainda é bastante salgado e não são todas as motos que podem se beneficiar dele. O seguro para motos não envolve apenas a parte relacionada a sinistro. Tem outras vantagens que a maioria das seguradoras oferece. Vamos a elas:
Guincho 24h em qualquer lugar do Brasil, e que envolve assistência para falha mecânica; assistência para falha elétrica; serviço de
chaveiro; troca de pneus; assistência para pane seca (falta de combustível). Tem ainda desconto em oficinas especializadas para realizar serviços como troca de óleo: mineral, sintético, de bengala e do amortecedor; cristalização, revitalização, enceramento e polimento de pintura; substituição dos coxins de direção, sistema de injeção eletrônica e admissão, escapamento e sistema de exaustão e troca das pastilhas e fluido de freios e líquido do arrefecimento. Alguns seguros ajudam até a reparar pequenos problemas na sua casa e fornecem mão-de-obra gratuita para reparos emergenciais na sua residência habitual, 24 horas por dia, inclusive nos finais de semana e feriados, tipo: reparos hidráulicos; reparos elétricos; desentupimento; chaveiro; substituição de telhas. Importante: Estas informações são indicativas. Os direitos e obrigações das partes estarão definidos na Proposta e nas Condições Gerais do seguro contratado e varia dependendo da seguradora.
Dependendo dos benefícios adicionais e da frequência do uso da moto, mesmo sendo ainda muito caro, você pode vir a ter muito menos dores de cabeça. Um amigo meu, em 2009 perdeu uma moto Honda Varadero zero km (sim, ela tinha menos de 4 mil rodados e havia sido comprada há menos de 4 meses) na praia de Copacabana, Rio de Janeiro. Deixaram-no só de sunga. Detalhe: ele e outros quatro companheiros tinham saído do Ceará de moto num desses passeios que muitos motociclistas fazem pelo Brasil. O grande erro: estava só. A grande sorte: a moto e ele estavam segurados. Recebeu uma moto nova, passagens e hospedagem. Importante destacar que ele tinha pago a primeira parcela do seguro uma semana antes de viajar.
Bloqueadores – São aparelhos eletrônicos que bloqueiam o pulso da ignição, fazendo a vela não produzir faísca, e consequentemente,
motor não funcionará. Alguns bloqueadores têm sensor de presença, que o piloto esconde em algum bolso e, caso o bloqueador não consiga “sentir” este sensor próximo, ele bloqueia a moto. Minha dica é que se colocar este recurso nunca saia divulgando que o fez. Geralmente após a divulgação da novidade para os amigos vem em seguida uma aula prática sobre o seu funcionamento. Como isso geralmente é feito em público, vai ter sempre muita gente olhando e aí o efeito surpresa acaba. Se tiver um ladrão ouvindo a conversa e vendo a cena de demonstração, em um assalto, vai te pedir o chaveiro… e nesse caso: bye-bye moto.
Alarmes Bloqueadores – São semelhantes aos bloqueadores, mas ao bloquear, também toca uma sirene, alarmando que a moto pode estar sendo roubada. Isso intimida os ladrões e literalmente os põe para correr. Se você mora em um apartamento verifique a sensibilidade do alarme. Alguns costumam disparar constantemente em garagens e vira um inferno.
Rastreadores – São como os alarmes, mas eles têm um GPS e um Telefone GSM dentro, que são usados para receber e enviar informações para uma central. Eles permitem o bloqueio da moto e conseguem, na maioria das vezes, saber a localização da moto em qualquer lugar. O custo, dependendo do pacote, envolve o aparelho e ainda uma mensalidade, dependendo da administradora. Importante: não pega em todo lugar.
Travas de Coroa ou Garfo – São travas com chave que são instaladas nas bengalas da moto ou na balança traseira. As travas de
oroa funcionam colocando um pino de metal que segura a coroa da moto imóvel, fazendo a roda ficar travada e dificultando a remoção da moto. A trava de garfo funcional de forma semelhante, porém trava a roda da frente.
Cadeados de disco – São cadeados específicos para os discos de freio das motos. Eles são fechados em um dos orifícios do disco e isso impossibilita a moto de sair do lugar. São práticos, pois são pequenos e não ficam fixos na moto.
Correntes e cabos de aço– Normalmente as correntes de segurança para motos já vem com um cadeado embutido e revestimento plástico para minimizar a corrosão do metal. São duráveis e fáceis de usar, mas no caso das correntes não são muito eficientes. Um bom alicate de corte rompe corrente como quem parte um bolo.
Segredos – São interruptores elétricos que servem para interromper ou não o pulso da ignição. Tem o mesmo principio e funcionamento do bloqueador, mas não é eletrônico. É apenas um interruptor que desliga a moto e impede que seja ligada. É semelhante ao corta-corrente que vem de fábrica, só que fica em um local escondido. A segurança dele está no local que você escolhe para escondê-lo na moto.
Nota importante sobre segredos, travas, cadeados, correntes e similares:
A maioria dos roubos de motos ocorre em dois momentos distintos. Nos semáforos e quando você está estacionando ou saindo com sua moto. Portanto, correntes, segredos, travas etc ajudam, mas não servem de nada se estiver rodando ou quando você os tira da moto para rodar. É importante lembrar que o efeito surpresa é sempre favorável ao ladrão. Minha sugestão é: escolha algo melhor, mesmo que seja mais caro.
Vacinas: Além de rastreadores e bloqueadores, tem o sistema antifurto que afasta ainda mais os assaltantes. Chama-se: “Vacina contra roubo”. O sistema de proteção consiste em gravar o número da placa do veículo em mais 30 partes da motocicleta, além das três já existentes de fábrica onde está gravado o número do chassi. Junto com o kit você receberá três adesivos que informam ao ladrão que a moto está ‘vacinada’.
O que fazer quando de uma tentativa de assalto?
As dicas para evitar roubos de motos são bem semelhantes às destinadas e prevenir-se contra roubos de carros, porém com algumas diferenças.
No momento do assalto:
Não reaja e não tente fugir com a moto mesmo que ela seja de alta cilindrada.
Não realize movimentos bruscos. Uma dica da polícia é sempre levantar as mãos, isso chama a atenção das pessoas em volta. No mundo inteiro esse gesto é interpretado como um assalto em andamento. Lembre-se que o ladrão sempre chega de capacete e nunca estará só. Haverá sempre alguém dando apoio a ele. Alguns motociclistas que usam motos de maior cilindrada e mais pesadas dão a dica de deixar a moto tombar. Segundo eles isso dificulta o roubo, pois levantar uma moto dessas é muito complicado. Eu não recomendo essa prática. Isso pode irritar o ladrão e você pode acabar sendo ferido.
Preste atenção ao que está à sua volta:
Preste atenção à sua volta quanto a aproximação de outras motos, principalmente se perceber que elas têm dois ocupantes. Evite
andar sozinho, especialmente à noite. Se estiver com garupa, é bem melhor. Evite locais isolados e mal iluminados. Uma dica que funciona é sempre que perceber uma moto com duas pessoas em atitude suspeita, deixe passar, mude de faixa. Movimente-se e saia da pista. Faça um retorno ou dê a volta no quarteirão. Um movimento rápido pode fazer você sumir da visão e do retrovisor dos suspeitos. Isso não funcionará apenas se a sua moto foi ‘encomendada’ para ser roubada.
Procure parar sempre em vias movimentadas. Em lugares suspeitos tente parar na faixa do meio e entre carros. De preferência próximo ao carro da frente. Como não vai dar para correr dos assaltantes, pois corre o risco de levar um tiro, pelo menos eles perderão muito tempo manobrando a moto.
Ao parar nos semáforos desconfie sempre de quem se aproxima, mesmo que não pareçam suspeitos, principalmente se estiverem dois numa moto. Ao chegar e ao sair de casa dê uma olhada antes na rua. Se perceber a presença de suspeitos, não saia ou não entre. Tente seguir o mais rápido possível a um local seguro e chame a polícia.
Sempre prefira sair em grupo. As ações de roubo de moto em grupo são sempre infinitamente menores. Cuide da manutenção da sua motocicleta para não correr o risco de ficar parado na estrada ou nas ruas. Se o pneu furar tente não parar imediatamente. Rode um pouco mais e pare em local seguro e iluminado.
Aos esquecidos é bom tomar muito cuidado para não deixar a chave na motocicleta, mesmo que por alguns segundos e, cuidado com a pane seca.
Cuidado com lombadas, pois é nesta hora que bandidos podem aparecer. Se você ao chegar vê alguém mexendo na sua moto não corra até a moto e nem grite. Chame a polícia ou acione o alarme da moto de distância segura.
E repetindo: NUNCA REAJA, SEMPRE faça movimentos lentos e anunciados; desça da moto. SUA VIDA É SEMPRE MUITO MAIS IMPORTANTE.
Vale destacar que ser um motociclista hoje no Brasil é ter que pagar IPVA ao mesmo preço de um carro, não poder estacionar na rua ou em estacionamentos particulares. Muitos hotéis não recebem motos e em alguns municípios é proibido parar na porta de bancos e por ai vai. Já se chegou ao ponto de tentar proibir o garupa. Calma, gente! Não é assim que se resolve o problema.
É preciso lembrar que os motociclistas hoje são milhões e a motocicleta (incluo aqui também o ciclismo) é a grande alternativa para um trânsito menos caótico nas grandes cidades. Não queremos ser tratados como diferentes, mas com igualdade de direitos e deveres. Vale destacar que depois do pedestre nós, motociclistas (ciclistas também), somos a segunda parte mais frágil na cadeia do trânsito. Estamos fazendo a nossa parte alertando e buscando orientar quanto à melhoria e mudança de postura, mas é necessário que aqueles que comandam o trânsito e as leis nas grandes cidades olhem para nós com um pouco mais de carinho, pois em cima de duas rodas estará um trabalhador ou um desportista, mas antes disso ela estará carregando uma vida, ou quem sabe duas.