GPS – Você se acha. Se acha?
Estar à frente de uma gerência de produtos numa grande rede de lojas de informática é um desafio semelhante a um game. A adrenalina anda a mil porque você tem que descobrir se o produto pode vender, como vender, explicar para os vendedores, montar ações e motivar equipes e relacionar-se bem com todas as áreas da empresa e ainda fornecedores e fabricantes. Uma das funções desse cargo é testar produtos novos e ver se podem integrar o mix para serem comercializados com lucro.
Numa dessas missões eu testei um GPS-Global Position System de uma determinada marca. Passei um mês com o produto usando diariamente em todas as minhas visitas, passeios e tentando descobrir quais caminhos eram mais vantajosos na relação custo-benefício ou em menor tempo de percurso. Acontece que depois de tanto tempo escutando a voz me orientando (que chega a perturbar) eu cheguei a algumas conclusões como consumidor. Sim, a minha visão inicial é a de consumidor e depois de gerência de viabilidade dessa marca no mix. O foco não é discutir especificações, mas as aplicações e os benefícios, pois é isso que conta e que faz com que o consumidor ponha a mão no bolso para comprar. Como já havia dito aqui se não gera lucro e não gira não vale a pena entrar no mix.
Dá para confiar no GPS na cidade?
Totalmente não. Os mapas não são confiáveis e nem sempre estão atualizados para algumas regiões da cidade. Existem situações que a estrada literalmente some ou que você está passando por dentro de uma lagoa quando à sua volta existem estradas e casas. Acontece que há alguns bons anos naquele lugar existia uma lagoa e não existia a estrada. A lagoa foi aterrada e a estrada agora passa por sobre ela. É nesta hora que percebe a montagem de dois mapas. A primeira sensação é de revolta pelo aterramento da lagoa, a segunda é por saber que na atualização a lagoa não foi tirada ou coberta por terra também como está no real.
Em outras situações a mão das ruas não está descrita e se você seguir à risca o que diz o programa do GPS entrará numa contra-mão correndo risco de acidentes, ser chamado de barbeiro e ainda levar uma bela multa com alguns pontos na carteira e ser convidado a soprar no bafômetro pois, quem vê de fora alguém dirigindo orientado por mapas falhos, quanto a direção das mãos das vias, vai parecer que está bêbado, louco ou drogado.
Algumas situações são engraçadas. A estrada existe e no mapa do GPS o que aparece é terra. Ou seja: nada! Se eu utilizasse o GPS para ir para casa teria que utilizar estradas mais antigas e mais longos caminhos, pois, pelo mapa não estar atualizado a nova estrada ainda não existe.
As atualizações dos mapas nos sites dos fabricantes são lentas e muitas vezes você precisa ignorar a voz do GPS e fazer o caminho até que ele te avise sobre um novo cálculo da rota. Numa dessas situações recorri pelo Tréo ao Google Maps e estava tudo lá e a rota atualizada inclusive com pontos de referência e pontos de interesse. Mas isso também tem um custo e para quem usa pouco vale a pena.
Estou em Fortaleza, agora imagino como seria isso numa cidade como São Paulo ou Rio de Janeiro. Com relação a navegação por latitude e longitude ele realmente é excepcional, mas quanto a utilização de mapas deixa muito a desejar.
Algumas vantagens do GPS quando o mapa está atualizado é que ele te avisa sobre fotossensores e lombadas eletrônicas. Mas se for confiar nisso também é arriscado. Para encontrar endereços o GPS é extremamente útil e indispensável em cidades onde você não conhece, conhece muito pouco ou ainda na sua cidade onde o endereço você não sabe onde fica.
Motoristas de taxi e entregadores, inclusive as empresas de transporte modal e intermodal precisam ter um equipamento desse mesmo com as deficiências de atualização dos mapas, pois, ainda que com algumas desatualizações as rotas podem ser calculadas eganhar um enorme tempo com isso e o melhor: economizar combustível.
Existem serviços de mapas onde se paga uns R$ 99,00 por mês onde problemas de desatualizações não existem. Porém, este custo adicional só é vantajoso para uso profissional e permanente. Para quem usa pouco não vale a pena.
Aqui fica uma dica para vender mais GPS: mapas atualizados gratuitamente ou a preços menores. Comprar algo caro a um custo também alto para atualizações torna o equipamento viável apenas para algumas categorias profissionais.
Na missão que me foi passada, uma das condicionantes para revender GPS foram mapas mais atualizados. Os GPS vendidos tiveram seus mapas atualizados gratuitamente e assim ficou mais fácil vendê-los de forma conveniada para cooperativas de taxistas, tele-entregas e transportadoras. Desse modo ficaram viáveis economicamente tanto para quem compra quanto para quem revende.
Vale a pena revender viva-voz Bluetooth e fax digital? Será o assunto das nossas próximas colunas.