Harley-Davidson: Há um século sinônimo de inovação e liberdade
Nos seus mais de 100 anos de história, a Harley-Davidson tornou-se mais do que um fabricante de motocicletas. Hoje, a marca é uma lenda do motociclismo e sinônimo de estilo de vida, disseminado pelas Américas, Europa, Ásia, África e Oceania. A companhia produz motocicletas Custom, Cruiser e Touring, além de oferecer uma completa linha de peças, acessórios, equipamentos e vestuário.
Tudo começou em 1901, quando um “motor bicycle”, um dos primeiros veículos de duas rodas movido a gasolina, foi demonstrado na Milwaukee’s Grand Avenue, nos Estados Unidos. Não se tem registros se William S. Harley ou se os irmãos Arthur e Walter Davidson estiveram nesta exibição, mas foi depois deste episódio que os três amigos começaram a trabalhar no projeto de sua própria motocicleta, concluído dois anos mais tarde, em 1903.
Assim nasceu a Harley-Davidson, que no mesmo ano construiu e vendeu mais dois modelos similares ao primeiro. As negociações ocorreram na C.H. Lang, em Chicago, o primeiro concessionário da marca no mundo. O crescimento da companhia foi rápido. De 1906 a 1908, a produção saltou de 50 para 450 motocicletas e, no ano seguinte, para 1.419 unidades.
Em 1909, a empresa apresentou ao mercado seu primeiro motor V-Twin, criado com o objetivo de aumentar a potência das motocicletas. A invenção tornou-se o maior símbolo de durabilidade dentre motociclistas americanos.
Em menos de dez anos, William Harley e os irmãos Davidson transformaram uma ideia em uma companhia que produzia mais de 5.000 motocicletas por ano e já tinha conquistado a confiança dos consumidores americanos.
A década seguinte foi marcada pela conquista do título de maior fabricante de motocicletas do mundo, com mais de duas mil concessionárias em 67 países, além do acordo fechado com o exército americano, em razão da Primeira Guerra Mundial. Foi nesta década também que a Harley-Davidson revelou o modelo Sport, com um motor opposed twin, que logo ganhou a reputação de ser silencioso.
No Brasil, as primeiras motos Harley-Davidson foram importadas por concessionárias independentes, na sua maioria em São Paulo, concentrados, na Rua Barão de Limeira. Em 1929, o estado de Minas Gerais adquiriu modelos para o efetivo da força de segurança pública.
Mundialmente, outro grande salto tecnológico aconteceu em 1929, com o lançamento do motor V-Twin, de 45 polegadas cúbicas (conhecido como flat head). Este modelo se tornou tão confiável, que as suas variações foram utilizadas em motocicletas Harley-Davidson até 1973. Mesmo com a quebra da bolsa de valores americana e com o surgimento de mais de 150 concorrentes, a Harley-Davidson encerrou a década de 30 com participação de 67% dentre todas as motocicletas registradas nos Estados Unidos.
A parceria com o exército americano se expandiu para as forças armadas de outros países na Segunda Guerra Mundial. Foram produzidos mais de 90 mil modelos militares. Com o fim da guerra e visando aos consumidores mais jovens, a empresa lançou o modelo 125 ou S (mais tarde conhecido como “Hummer”), de 125 cc. Na década de 40, Walter Davidson e William S. Harley faleceram.
O pós-guerra foi um período de prosperidade e produtividade para a Harley-Davidson, com o lançamento de produtos-chave e a conquista de novos consumidores, principalmente milhares de veteranos de guerra, que tiveram a experiência de pilotar uma Harley-Davidson enquanto serviam. Nesta época, a companhia também completou seu cinquentenário, em 1953. Neste mesmo ano, seu principal concorrente nos EUA deixou de existir, tornando a Harley-Davidson a única fabricante de motocicletas americana até meados de 1990.
Na década de 60, a Harley-Davidson assumiu o controle da Tomahawk Boat Manufacturing Company, visando à sua produção de fibra de vidro para aplicação em suas linhas de motocicletas e carros de golfe, descontinuados em 1982. A companhia também comprou uma fábrica na Itália, responsável pela produção de cilindros de baixo peso para aplicação nos motores. Nesse período iniciou-se a aplicação de partida elétrica nos modelos da marca, além da introdução de alumínio nos motores.
No final dos anos 60, após oferta pública de ações, a Harley-Davidson foi adquirida pela American Machine and Foundry Co., mais tarde conhecida como AMF. Sob o novo comando, a empresa enfrentou a forte concorrência de fabricantes estrangeiros na década de 70, sendo o período de maior desafio para a companhia desde a Grande Depressão, após 1929.
Em 1976, com o fechamento das importações no Brasil, a AMF decidiu montar motos em Manaus (AM) e se associou à MOTOVI (Motocicletas e Veículos Industriais). Dois anos mais tarde, a empresa resolveu sair de Manaus e vendeu suas instalações para outra companhia.
Em 1977, a Harley-Davidson lançou a FXS Low Rider, com guidão estilo drag e tratamentos exclusivos do motor e de pintura. O Low Rider coloca o ciclista em uma posição de condução mais baixa. Em 1979, foi lançada a Fat Bob FXEF: “Fat”, por conta dos tanques duplos, e “Bob” pelos para-lamas cortados (bobbed).
Já nos anos 80, o mais importante para a linha de motocicletas foi a introdução do motor Evolution®, de 1340 cc. Resultado de sete anos de desenvolvimento, o Evolution® produz mais potência, trabalha em temperatura menor e tem nível de emissões mais baixo. Outro destaque do ano foi a estreia do quadro Softail®, com expansão para diversos modelos da marca.
Em 1981, um grupo de investidores, liderados por Vaughn Beals e Willie G. Davidson, comprou a empresa da AMF por US$ 80 milhões. Desta forma, a Harley-Davidson voltou a ser uma companhia independente para a celebração dos usuários das motocicletas da marca. Nesta década, também foi lançado o H.O.G (Harley Owners Group), o primeiro clube de motociclistas patrocinado pela fábrica, que conta com mais de 90 mil membros.
Em 1990, após sua introdução, a FLSTF Fat Boy® quase que instantaneamente se transformou em uma lenda moderna de design da motocicleta. Já o modelo Electra Glide®, no seu trigésimo aniversário, se tornou a primeira Harley-Davidson a receber injeção de combustível. Ainda nesta década, a companhia assumiu o controle da Buell Motorcycle Company.
O motor Twin Cam 88® foi lançado na linha 99. No ano seguinte, o balanceado Twin Cam 88B® se uniu à família Softail®. Mas um dos mais ousados projetos de engenharia e estilo na história da Harley-Davidson veio com o lançamento da VRSCA V-Rod®, em 2002. A moto V-Rod trouxe o novo motor Revolution®, inspirado em competições e desenvolvido em parceria com a Porsche para as motocicletas de rua Harley-Davidson, que combina injeção de combustível, refrigeração líquida e potência de 115 cv.
No Brasil, em 1991, com a abertura das importações, a companhia passou a buscar representantes no País. A primeira concessionária foi em Minas Gerais, mas logo se transferiu para São Paulo. Em 1999, foi instalada a fábrica da Harley-Davidson do Brasil em Manaus.
Em 2003, a Harley-Davidson celebrou seu centenário com um passeio motociclístico, o Open Road Tour, que reuniu cerca de 250 mil fãs da marca. Três anos depois, a Harley-Davidson anunciou os planos para um museu completamente novo em Milwaukee, inaugurado em 2008.
Em 2011, a Harley-Davidson assume um papel mais ativo no Brasil com a criação de uma subsidiária, localizada em São Paulo. Nesta fase, o foco foi a expansão das concessionárias para oferecer aos consumidores brasileiros uma rede de serviços com níveis de excelência adequados aos padrões mundiais da Harley-Davidson. A companhia investe no País com a nova fábrica em Manaus, em substituição à antiga unidade.
Em mais de um século de história, a Harley-Davidson apresenta inovações em motocicletas para que seus consumidores, apaixonados por motos, desfrutem da melhor experiência sobre duas rodas. Algo que começou como um sonho de jovens rapazes de Milwaukee se transformou em uma lenda do motociclismo.