Harley-Davidson Road King Classic: coração renovado
Como são as custom tradicionais? Carregadas de componentes cromados, cheias de estilo, capricho em cada detalhe de acabamento e com um enorme motor V2 de ronco grave. Essa receita é a da Harley-Davidson Road King Classic, a mais tradicional opção da linha touring da marca no Brasil, que teve sua primeira geração lançada em 1995. Ela não possui sistema de som nem central multimídia, tem como assistência tecnológica apenas o freio ABS e o útil piloto automático (Cruise Control), fácil de operar. Com seu visual lembrando as motos dos anos 1940, é impossível não ficar admirando a beleza dos seus detalhes, como os pneus com faixa branca nas rodas raiadas, a frente com para-brisa e faróis auxiliares — que garantem ótima iluminação – o acabamento do painel, que fica sobre o tanque, e a pintura sempre impecável da marca.
Mas, além da beleza, temos um novo motor! Lançada em 2016, a nova gama de motores Milwaukee-Eight trouxe melhoria em pontos importantes nas motos da linha touring. Eles são mais lineares em baixas rotações, entregam muito torque logo cedo, como de costume, mas com vibração muito reduzida e também um melhor arrefecimento do motor, que esquenta muito menos, quase não sendo notado pelo motociclista. Diferente do câmbio, com engates que parecem marteladas, e da embreagem, bem pesada ainda.
Na Road King, acessórios fazem a diferença. O para-brisa é imenso e garante proteção contra vento, frio e chuva. Ele também pode ser removido de acordo com a vontade do dono. De série, a imponente Road King traz alforges laterais em couro com fechos de engate rápido, que são práticos de manusear e proporcionam um bom espaço para guardar bagagens ou pequenas tralhas no dia a dia. Mas não possui trava…
Pensada para a estrada, a posição de pilotagem é muito confortável, com os braços quase retos, pedaleiras tipo plataforma e uma segunda posição para apoiar os pés nas pedaleiras fixas ao ‘mata-cachorro’ da moto, mas eu não me senti confortável nessa posição. Essa proteção lateral, assim como ao lado dos alforges, protege a moto em caso de queda.Como toda moto touring que se preze, ela tem boa autonomia, passando fácil de 300 km rodados com seu tanque de 22,7 litros.
Na estrada, o Milwalkee-Eight 107, com 1 745 cm³ roda tranquilo a 120 km/h, trabalhando em 2.800 rpm, rotação onde o motor atingiu 11,2 quilos de torque em nossa medição no dinamômetro, com 57,86 cv de potência máxima a 4.700 rpm. Além do novo motor, a Road King ganhou novas suspensões Showa: na frente, telescópica de 44,4 mm com 117 mm de curso, na traseira, dois amortecedores com ajuste de pré-carga e 76 mm de curso. O ajuste é manual, sem ferramentas. Basta tirar o alforge esquerdo para acessar o manípulo.
Na pilotagem, o novo motor e as novas suspensões contribuíram para o aumento no prazer da pilotagem, e você realmente sesente o ‘Rei da Estrada’ (tradução do nome da moto) nas viagens. Os freios são fabricados pela Brembo, e, além do ABS, tem ação combinada. Testamos frenagens fortes com ela e gostamos das respostas, tanto dos freios quanto da estabilidade da moto. Segurança bem-vinda!
Com seu entre-eixos imenso (1 650 mm), ela não cabe nas vagas de moto no estacionamento do shopping, mas tem estabilidade de sobra para contornar com tranquilidade estradas sinuosas. Não tão travadas, pois seus 375 kg comprometem as rápidas mudanças de direção. Esta é uma daquelas motos para rodar sem pressa, curtindo cada quilômetro percorrido do passeio.
Na cidade ou em manobras, cuidado nos movimentos até se acostumar com suas proporções colossais, que ‘joga contra’ nas manobras em baixa velocidade e nos deslocamentos urbanos. Ela não tem marcha à ré, algo que seria muito útil. Nem preciso dizer que com 954 mm de largura e quase 400 kg de peso, esqueça dos corredores entre carros, para não ficar estressado. Aproveite a Road King Classic sempre no seu ambiente, a estrada.Disponível nas concessionárias Harley-Davidson, tem preço sugerido a partir de R$ 76.400,00.
Conclusão
Ela desfila, assim como toda moto da marca. O novo motor mudou duas coisas que considero bem importantes. Agora ela não esquenta e nem vibra em níveis que incomodam, como antes, além de estar mais linear em baixa velocidade. Como o nome e o visual indicam, ela é da estrada, onde a pesada embreagem e o peso elevado somem, tornando a experiência de pilotar bem satisfatória. Mesmo assim, espero ver no futuro uma embreagem mais leve, assim como uma dieta forte no peso total dela. Ser mais leve não vai mudar a baita tradição que tem a marca. A recém-lançada linha Softail comprova minha opinião.
Fotos: Rafael Munhoz