Ceará: Engenharia de trânsito faz mais uma vítima!
Mais um motociclista foi vítima da engenharia de trânsito de Fortaleza, capital do Ceará – a cidade mais violenta do Brasil, inclusive no trânsito.
Alberto Jorge Portela Lima, motociclista do Centauros Moto Clube e assessor parlamentar, tombou vítima dos tachões colocados antes das faixas de pedestres. Ele é um dos quase cem motociclistas que se acidentaram nesses trechos da avenida Washington Soares; uma movimentada rodovia que corta bairros nobres da cidade.
Bebeto, como é mais conhecido no meio motociclístico, não teve apenas escoriações leves. Além dos danos à moto que podem evoluir para ‘perda total’, Bebeto teve fratura do úmero o que exigiu a colocada de uma prótese que custou R$ 42.000,00, fora todas as outras despesas.
Após o ocorrido, misteriosamente e sem nenhuma explicação; da mesma forma como foram colocados, os tachões desapareceram deixando apenas a impressão digital de mais uma incompetência da engenharia de trânsito de Fortaleza que fica lotada tanto no DETRAN-CE como na AMC – Autarquia Municipal de Trânsito de Fortaleza.
O histórico de incompetências
GALERIA – Os danos à moto. (clique na foto para visualizar)
Fortaleza é rica em demonstrações de incompetência dos órgãos públicos na área de trânsito. Há semáforos embaixo de viadutos e dentro de rotatórias; pintam a sinalização antiga com tinta preta; passarelas vem acompanhadas de fotossensores, binários que esqueceram de deixar espaço para motocicletas e muito mais coisas. Quando foram colocar as faixas de retenção para motos eles esqueceram das medidas corretas e o bolsão (como é chamado) na realidade é apenas uma faixa que cabe um moto ao lado da outra e não duas filas de moto como é o padrão no mundo. Como se isso só não bastasse para um atestado de incompetência, ainda temos as fendas entre a alça de saída do viaduto que cruza a avenida Aguanambi. Tal fenda já derrubou vários motociclistas e ainda está lá. E por falar em Aguanambi, este mesmo viaduto, embaixo dele, protagonizou-se por anos, um semáforo para a passagem de pedestre e cem metros à frente um semáforo na entrada de uma rotatória que dá acesso ao quilômetro ‘zero’ da BR 116. Nem tudo que é bom para carros é ótimo para motos!
GALERIA DAS LESÕES – Clique na foto para visualizar
Mas isso não é o pior. O próprio DETRAN-CE admite que a colocação desses tachões é para evitar que as motocicletas trafeguem entre as faixas antes das faixas de pedestres. Tal afirmação demonstra o desconhecimento do Código de Trânsito Brasileiro. Quando o Código de Trânsito Brasileiro (CTB), foi aprovado pelo Congresso Nacional, havia nele o artigo 56, que proibia expressamente as motocicletas de circularem nos corredores, mas esse artigo foi vetado, sabiamente, pelo então presidente Fernando Henrique Cardoso.
A justificativa para o veto foi a seguinte: “Ao proibir o condutor de motocicletas e motonetas a passagem entre veículos de filas adjacentes, o dispositivo restringe sobre maneira a utilização desse tipo de veículo que, em todo o mundo, é largamente utilizado como forma de garantir maior agilidade de deslocamento. Ademais, a segurança dos motoristas está, em maior escala, relacionada aos quesitos de velocidade, de prudência e de utilização dos equipamentos de segurança obrigatórios, os quais encontram no Código limitações e padrões rígidos para todos os tipos de veículos motorizados.”
Assim, como diriam os Anonymous MG – “trânsito parado, corredor livre”. Mas eles não lembram disso. Aliás, falta de memória ou Síndrome de Alzheimer é o que mais acontece na engenharia de trânsito do DETRAN-CE e da AMC. Quando foram elaborar o plano de mobilidade urbana de Fortaleza o apagão de memória foi tão grave que eles esqueceram de incluir a moto como meio de transporte e reconheceram isso. Por conta disso, protestos foram realizados por motociclistas que andaram como carro no binário Dom Luiz e Santos Dumont. Diante de um iminente aumento no caos do trânsito de Fortaleza eles resolveram conversar, mas a memória desses órgãos de trânsito é bem curta, pois eles precisam continuar produzindo ideias incríveis tipo as que chamo de Síndrome de WhatsApp – que para matar o carrapato se mata a vaca também.
O dolo eventual – uma cidade violenta e que ajuda a matar
A cidade inimiga do motociclista não se cansa de agir contra motos. Criaram faixas para ciclistas e eliminaram o espaço das motos. Além disso começaram a encher a cidade de tachões e com isso a incompetência e a inimizade para com a classe de motociclistas evoluiu para dolo eventual. As autoridades de trânsito que autorizaram a colocação dos tachões na Washington Soares com o intuito de derrubar motos, assumiram o risco de matar, portanto não posso deixar de imputar-lhes o crime de tentativa de homicídio.
A merecida indenização e a punição de todos os envolvidos
E vamos as contas do prejuízo do Bebeto. A sua Harley-Davidson 883 para ser recuperada custará a bagatela de R$ 22.000,00 reais – quase perda total. As contas de hospital começam em R$ 42.000,00 com a prótese e devem crescer com os custos de cirurgia e internação. Teremos ainda os remédios e a fisioterapia e os 15 dias que o Bebeto ficou parado por conta da cirurgia e ainda serão necessários mais de seis meses até a total recuperação e seu pronto restabelecimento para que possa voltar a pilotar sua motocicleta. Enfim, podemos afirmar que esta conta direta seria algo em torno de R$ 200.000,00 e a parte indireta que seria não poder curtir sua moto, não poder realizar tarefas normais comuns para quem não tem prótese no braço e o prejuízo aos cofres do Estado do Ceará por ter afastado um competente assessor parlamentar, não tem preço.
É necessário identificar os criadores da ideia e puni-los, incluindo nesses seus superiores que aprovaram a ideia assassina. Cabe a Assembleia Legislativa do Ceará convocar o chefe do DETRAN-CE e da AMC para darem explicações e declinarem os nomes dos autores dessas sandices e qual a punição a ser aplicadas a eles.
Deve ainda o nosso judiciário exigir que tanto o órgão público pague uma indenização aos acidentados vítimas dos ‘tachões assassinos’, como os engenheiros que tiveram a dolosa ideia. Devem perder seus cargos, suas funções e serem pelo menos suspensos. Não há mais que se ter perdão ou condescendência com a incompetência do setor público, pois no final de tudo, quem paga a conta do acidente e a indenização merecida ao Bebeto seremos nós – ‘Pagadores de Impostos’.
Tudo isso por conta da já conhecida incompetência e pelo ódio dos órgãos de trânsito do Ceará e de Fortaleza contra os motociclistas. Uma coisa é certa: a paciência dos motociclistas com essas coisas, acabou.