DIA DOS PAIS: Como nasce um campeão
PUBLICADA ORIGINALMENTE EM 4 DE AGOSTO DE 2014
Wagner Duarte (E) passando as instruções para José Duarte (D) antes da largada de mais um Moto GP
Wagner Duarte faz parte daquele time de empresários cearenses onde sacrifício e distância não são problemas para quem está determinado a conquistar e perseguir um objetivo.
Wagner, como é mais conhecido no meio do motociclismo cearense, pilota desde os 7 anos de idade e hoje é um campeão. Dentre as conquistas registra-se o Hexacampeonato cearense de Motoarrancada (2006 a 2011); duas vitórias no Racyng Day Nordeste (2010 e 2013), 8º. Lugar nas 500 Milhas de Interlagos SP(2011) e atualmente é líder e vencedor da 1ª. e 2ª. Etapas da categoria FAST600.
Em equipe! Dentro e fora das pistas.
Mas faltava conquistar o sonho de ser um piloto profissional, mas o tempo e os inúmeros afazeres não permitiam. Admirador de Alexandre Barros, em quem se espelhava desde criança como exemplo de piloto profissional brasileiro, Wagner jamais poderia imaginar que a sua vida e a de seu filho José Duarte mudariam a partir de um simples telefonema.
E o telefonema veio de quem ele menos esperava – Alex Barros. A ligação era um convite para que ele e seu filho José Duarte, então com 15 anos, viessem a fazer parte da sua equipe. Mas a ligação não foi sem razão. José Duarte pilotava desde os 4 anos e já despontava como uma aposta para ser um piloto profissional de motovelocidade. Alex Barros viu isso em uma corrida em Fortaleza e pouco tempo depois o convite veio, foi aceito e tudo na vida deles mudou de ”tal-pai, tal-filho” para “de-pai-pra-filho”.
Conversamos com os dois Duarte – Wagner (pai) e José (filho). Confiram.
TAL PAI…
Motonline – Quando tomou a decisão de investir no José Duarte como piloto?
Wagner Duarte: “Logo após o José Duarte ter feito o curso de pilotagem com Alexandre Barros, recebi uma ligação do próprio Alex convidando o Duarte para compor sua equipe, não pensei duas vezes. A partir daquele momento começamos a preparar o José Duarte para seguir a carreira de piloto profissional.”
MO – Como conciliar a profissão com a paixão por corridas?
Wagner Duarte:” Não é fácil! Tenho me desdobrado muito para conciliar as duas coisas, mas com o apoio da minha esposa Paula Duarte, minha gerente Ana e toda equipe de escritório estamos conseguindo.”
MO – Ao tempo que precisa equilibrar-se na lâmina do tempo ainda tem que se preocupar com a escola do filho para que uma coisa não atrapalhe a outra. Como funciona tudo isso?
Wagner Duarte: ” Verdade. É um malabarismo, mas conversamos com o colégio, expomos a necessidade do José Duarte de faltar aulas e até provas. Eles compreenderam e está dando certo. Todos nós estamos empenhados em conciliar os estudos com a carreira de piloto.”
José Duarte – “Até o último minuto, quem quer vencer, tem que continuar tentando”.
MO – O motociclismo é um esporte arriscado. Como fica o coração de pai?
Wagner Duarte: ”Batendo muito forte… Estar na pista é mais fácil do que vê-lo lá. Eu como piloto tenho um pouco mais de consciência do pode acontecer dentro das pistas. A mãe sofre um pouco mais. É um esporte perigoso, sim; mas quase todos os riscos são calculados e procuro protegê-lo com os melhores equipamentos disponíveis no mercado; busco os melhores professores para que ele aprenda a arriscar com o máximo de segurança possível e, principalmente, entrego meu filho nas mãos de Deus sempre que ele entra na pista.”
MO – Onde você acha que o José Duarte pretende chegar?
Wagner Duarte: “Nosso objetivo é primeiramente se profissionalizar, adquirir experiência e conhecimento para em seguida tentar uma vaga no mundial de motovelocidade”.
MO – O que passa pelo coração do Wagner, pai, ao ver o filho realizando um sonho que você tinha e ao mesmo tempo fazendo um novo caminho?
Wagner Duarte: Muito orgulho e satisfação, principalmente por saber que esse caminho foi escolhido por ele. Eu sonho em ser piloto desde muito pequeno e hoje vejo a realização desse sonho através do meu filho.
MO – Que conselho você deixaria para os pais de hoje em dia?
Wagner Duarte: “Que tragam seus filhos para o esporte para que aprendam a ter responsabilidade, compromisso, disciplina. Assim ficam fora da bebida, drogas e outras coisas que destroem a vida das pessoas.”
MO – Que momentos você, como pai e motociclista, relembra com emoção?
Wagner Duarte – Destaco três momentos na minha vida como motociclista e como pai. O primeiro deles foi quando eu e o José Duarte andamos de moto juntos. Ele só tinha 4 anos! O segundo foi quando dividimos a pista pela primeira vez. Mas, a maior de todas as emoções, tanto como piloto, como pai, foi receber o convite do Alex Barros para compor sua equipe de pilotos em 2013 junto com meu filho José Duarte. Este, com certeza, foi o sonho que eu nunca ousei sonhar”.
TAL FILHO…
José Duarte é um jovem piloto de apenas 16 anos que corre na Categoria Moto 1000 GP e frequenta a escola como todo adolescente. Cursando o 3º ano Ensino Médio, José Duarte luta para conciliar os estudos com a paixão pelas pistas. Tudo começou aos 4 anos quando ganhou do pai a sua primeira moto.
Apesar da pouca idade José Duarte não é tão ‘verde’ assim como se pensa. Já pilotou na categoria Motocross 50cc e 85cc e no Motovelocidade 250cc e 300cc.
Para José Duarte a sua vitória mais emocionante ainda vai acontecer – será a primeira vez que ganhar uma prova do Moto 1000 GP.
MO – Como é ser o filho de Wagner Duarte?
José Duarte – É uma honra ser filho de um grande piloto cearense que tenta sempre me orientar de acordo com o que sabe. É um prazer ter meu pai presente comigo nesses momentos, pois ele está sempre me motivando mesmo sendo as vezes e, quando necessário, muito exigente.
MO – Quando surgiu a vontade de ser piloto?
José Duarte – Desde que comecei a correr nos pequenos campeonatos de motocross em Fortaleza. Acontece que é muito complicado conciliar a paixão pelo esporte e os estudos. Ainda bem que contamos com a compreensão do colégio e venho conseguindo repor as provas que perco por conta dos treinos e das corridas. Tem que saber separar profissionalismo de diversão. Isso não é fácil.
MO – Qual foi o principal ensinamento que seu pai passou pra você?
José Duarte – Até o último minuto, quem quer vencer, tem que continuar tentando.
Preparar um filho para ser campeão exige grandes sacrifícios, tanto por parte daquele que está sendo preparado, como também pela parte daquele que está junto, preparando e cuidando, para que o talento seja corretamente lapidado. Diamantes são pedaços de carvão que se deram bem submetidos à pressão. Um pai sabe disso. José Duarte, além do talento já reconhecido em pistas cearenses, tem o acompanhamento de um dedicado pai campeão e aprende com a experiência de um treinador chamado Alex Barros. Está tudo sendo preparado com muita paciência. Um passo de cada vez. Talvez esteja nascendo um novo campeão. Ficamos na torcida. Como diria Belchior na música ‘Como nossos pais’ – “Apesar de termos feito tudo que fizemos, ainda somos os mesmos e vivemos, como nossos pais”.
Feliz dia dos pais!