Era uma vez… A CIDADE DOS PCs!
Senso de oportunidade tem quem enxerga a árvore, mas não deixa de ver também a floresta.
Ditado chinês
Certa vez um empresário, que fabricava PCs, preocupado em aumentar sua participação no mercado decidiu buscar novos horizontes. Mandou chamar seus dois melhores funcionários e deu-lhes uma missão: visitar a Cidade dos PCs para saber se, naquela cidade, era possível vender também Laptops. Os dois foram. Para que um não influenciasse a opinião do outro o empresário mandou-os separados. Um seguiu numa semana e o outro na semana seguinte.
Passadas as duas semanas chegam os dois relatórios. O primeiro informava que o lugar não era bom para vender Laptops, pois as pessoas só utilizavam PCs. Para o primeiro observador, se o lugar fosse bom para Laptops “já teríamos verificado a presença da concorrência”.
O segundo observador registrou o contrário. Para ele o fato de “todo mundo só utilizar PCs era um ponto extremamente positivo”. Na sua observação relatou, admirado, o fato de não saber “por quê a concorrência ainda não descobrira aquele lugar “.
O empresário tinha pela frente duas opiniões totalmente contraditórias entre si. O que fez? Chamou novamente os dois, sendo cada um de forma reservada e deu-lhes nova missão. Agora cada um tinha que buscar dados consistentes que permitissem uma melhor avaliação do mercado em análise. E lá foram os dois. Quinze dias depois chegam os relatórios. Ei-los:
Primeiro Observador – “Nunca ninguém ofereceu Laptops para essas pessoas. Elas não entendem por que devem usar Laptops e a grande maioria está satisfeita com os PCs que usa. Além disso, existem PCs em várias cores e formas e, pelo que pude perceber, é uma cultura usar PCs na maioria das casas. Acredito que será muito difícil fazê-los largar os PCs e utilizar Laptops, mesmo sendo estes mais modernos, móveis e funcionarem sem energia. Deve ter sido por isso que a concorrência nunca fez força para entrar aqui.” Finaliza o primeiro observador.
Segundo Observador – “Como havia dito no meu relatório, o fato das pessoas não conhecerem Laptops é o grande mote para vendê-los. Sua satisfação com os PCs é fruto do desconhecimento das vantagens de usar Laptops. Se argumentarmos que o oferecem maior mobilidade e praticidade acredito que venderemos bastante, o que reduzirá a cultura de usar PCs em todas as casas para usar um laptop em todo lugar.”
O empresário buscou informações no mercado. A resposta foi fatídica: ninguém se interessou em vender Laptops numa cidade que todo mundo usava PCs e estava satisfeito com eles. Nunca ninguém tentou, pois acreditavam que não valia a pena.
O empresário que fabricava PCs também desistiu de fabricar Laptops. Um ano depois, um forasteiro vindo de um mundo distante, de língua diferente, resolveu instalar uma fábrica de Laptops na Cidade dos PCs. Rapidamente a notícia se espalhou e já virou motivo de gozação. Não daria certo. O forasteiro chamou o segundo observador, que trabalhava na fábrica de PCs, para a fábrica de Laptops. Pouco tempo depois a cidade começava a perceber as vantagens de se usar o produto que fabricavam e vendiam para outros lugares. PCs e Laptops já eram vistos juntos. Apareceram as primeiras lojas especializadas em laptops e seus acessórios,e com elas mais empregos e riqueza. Virou moda e sinal de status ter um laptop.
A fábrica do forasteiro cresceu, o segundo observador ficou bem de vida e saiu em busca de outros mercados. Meses depois o segundo observador viajou de volta para a antiga fábrica de PCs onde trabalhou. Foi assumir como diretor, pois os forasteiros a haviam comprado daquele empresário (lembra?). Era o dia da inauguração da mais nova fábrica dos forasteiros, ampliada agora para ser também uma fábrica de PCs para exportação que, por serem tão bons e baratos, seriam produzidos e vendidos nummundo distante, de língua estranha, que não tinha a cultura de usar PCs em suas casas e nem conhecia Laptops.