FENABRAVE – O volume de vendas de motos aumentou 10,74% na comparação entre os acumulados.
Média de vendas diárias cai, mas resultado de agosto e acumulado de 2011 é positivo
O melhor mês de agosto na história dos automóveis e comerciais leves teria sido diferente se fossem considerados os dias úteis. Com 23 dias úteis em agosto contra 21 dias em julho, a diferença impactou no resultado dos emplacamentos e a queda de 2,4% (se o número de dias úteis fosse equivalente a julho) se transformou em um crescimento de 6,9%. No acumulado, o recorde histórico se repetiu, fazendo de 2011 o melhor ano do setor automotivo, para todos os segmentos, até o momento.
Confira os resultados de emplacamentos por segmento:
Automóveis e Comerciais Leves – Os emplacamentos de automóveis e comerciais leves registraram alta na comparação entre os acumulados de 2011 e de 2010. Juntos, os segmentos cresceram 7,53%, saltando de 2.077.350 unidades para 2.233.757 veículos. De julho para agosto, os emplacamentos dos segmentos aumentaram 6,90%. Foram comercializadas 307.824 unidades em agosto, ante 287.967 unidades em julho.
Caminhões – Foram comercializados 114.796 caminhões nos primeiros oito meses do ano, contra 98.671 unidades no mesmo período de 2010, alta de 16,34%. De julho para agosto, o segmento também apresentou crescimento, de 5,85%. Foram negociadas 16.442 unidades em agosto, ante 15.534 no mês anterior.
Ônibus – As vendas de ônibus evoluíram 19,06% no comparativo entre os acumulados deste ano e o de 2010, passando de 18.666 unidades para 22.224 ônibus emplacados. O resultado de julho para agosto também foi positivo. Foram negociadas 3.127 unidades, contra 2.728 unidades, num crescimento de 14,63%.
Motos – O volume de vendas de motos aumentou 10,74% na comparação entre os acumulados, saltando de 1.137.542 unidades para 1.259.743 motocicletas. O desempenho também foi positivo de julho para agosto. Os emplacamentos do segmento cresceram 13,22%, passando de 160.182 unidades para 181.363.
Máquinas Agrícolas – As vendas de máquinas agrícolas retraíram 8% comparando o acumulado deste ano com o de 2010, passando de 40.204 unidades para 36.987 máquinas negociadas no varejo. O resultado de julho para agosto foi positivo. Foram negociadas 5.310 unidades, contra 4.851, numa alta de 9,46%.
Implementos Rodoviários – O segmento de implementos rodoviários registrou acréscimo de 7,25% comparando o resultado dos acumulados, saltando de 36.818 unidades para 39.486 implementos. Comparando o desempenho de julho com agosto, o setor apresentou ligeira retração de 0,11%, diminuindo de 5.304 para 5.298 unidades.
Outros (carretas para transporte de motos, barcos, etc.) – Foram negociadas 53.014 unidades no acumulado de 2011, contra 41.503 no mesmo período do ano anterior, num crescimento de 27,74%.
Os emplacamentos do setor automotivo (automóveis, comerciais leves, caminhões, ônibus, motos, implementos rodoviários, máquinas agrícolas e outros veículos como carretinhas de transporte de jet sky, motos, etc. ) cresceram 8,96% na comparação do acumulado de janeiro a agosto de 2011 com o mesmo período de 2010, saltando de 3.450.757 unidades para 3.760.017. Comparando o resultado de agosto (527.200 unidades) com o mês de julho (483.676 unidades), a alta foi de 9%. “O crescimento de agosto está relacionado com a diferença do número de dias úteis em relação a julho, que contou com dois dias a menos”, afirmou Sergio Reze, presidente da Fenabrave – Federação Nacional da Distribuição de Veículos Automotores.
Segundo Reze, a média diária de vendas em agosto foi menor que a de julho. Foram negociadas 22.120 unidades (automóveis, comerciais leves, caminhões, ônibus e motos) em agosto, contra 22.210 unidades em julho, numa variação negativa de 0,41%. Na comparação entre os acumulados, o setor registrou alta de 8,30% na média diária de vendas. De janeiro a agosto de 2011, foram negociadas 21.610 unidades (168 dias úteis), ante 19.953 unidades no mesmo período de 2010 (167 dias úteis).
Reze destacou que estão ocorrendo mudanças no perfil de vendas dos veículos. “Os consumidores estão comprando veículos de maior potência e mais sofisticados”, disse Reze. A participação dos veículos com motorização de 1.0 a 2.0 está crescendo, enquanto o share dos automóveis com motor até 1.0 diminui. Em agosto, o percentual dos carros de 1.0 a 2.0 chegou a 53,01%, ante 51,39% em julho. Já os carros menos potentes reduziram de 47,49% para 46%. Segundo Reze, as vendas dos veículos 1.0 só não caíram mais porque as montadoras focaram as vendas deste tipo de veículo nos frotistas. “Essas vendas e distorcem o mercado. Os clientes PJ privilegiados ou frotistas, em sua maioria as locadoras, ajudam as montadoras a alavancar volumes de vendas e obtém descontos que chegam até 35%, enquanto as margens médias das concessionárias são de 10%. Além disso, essas locadoras, que não pagam tributos como ICMS, PIS e Confins, acabam revendendo os carros quando querem e não depois de um ano de exercício fiscal, como prevê a lei, o que equivaleria a 12 meses depois da compra. Isso distorce o mercado e prejudica a todos. Seria mais justoque as montadoras ajustassem o preço público de seus produtos para baixo, mas para todos os consumidores e não para privilegiados”, critica Reze.
Seguindo a mudança de perfil de consumo, estudos da Fenabrave mostram que os volumes de vendas nas categorias de veículos mais sofisticados também estão maiores. “A participação dos veículos hatch pequenos, sedans compactos, médios e grandes aumentaram. Isto reflete o crescimento da nova classe C”, comentou o presidente da Fenabrave.
Projeções mantidas para 2011
As perspectivas de crescimento para os emplacamentos de veículos em 2011 foram mantidas pela Fenabrave, desde a última coletiva, realizada em Julho deste ano. Para todos os segmentos, a projeção continua em torno de 8,38%, totalizando 5,7 milhões de unidades. Para os segmentos de automóveis e comerciais leves, espera-se aumento de 5,9% nos emplacamentos, somando 3,5 milhões de unidades. Já o setor de caminhões deverá contabilizar 185 mil unidades, com evolução de 17,70%, enquanto o segmento de ônibus deverá crescer 11,40% (31 mil unidades), e motos 12,10% (2 milhões de unidades).
Economia mundial desacelera e Brasil cresce menos
“O cenário econômico internacional é de desaceleração forte, com crescimento pequeno, estimulado pelos países emergentes”. Esta foi a afirmação de Tereza Fernandez, sócia da MB Associados, consultoria econômica parceira da Fenabrave, que participou da coletiva de imprensa realizada na entidade nesta tarde.
Segundo Fernandez, o mundo pode ser dividido em três partes: países emergentes, economia americana e Europa. “Os países emergentes vão bem. A China está exportando deflação. As commodities agrícolas estão com preços elevados”, disse a diretora da MB Associados. A dificuldade está com a inflação de 3% da China em serviços, recorde em julho. No entanto, se a China continuar crescendo, não haverá problemas, segundo a economista. “O varejo está crescendo 14%, a indústria 17% e os investimentos 25%. Com isso, o PIB no país deverá crescer nos próximos três anos”, afirmou Fernandez.
Já a desaceleração na economia americana está confirmada. “A previsão é de crescimento de 1,8%, uma evolução menor, mas não uma recessão”, garantiu. Na Europa, o endividamento incomoda, especialmente, nos países do Sul. Há alguns inclusive considerados insolventes, como Portugal, Irlanda e Grécia. “A Itália, por exemplo, é um país relevante no mercado financeiro, mas a dívida do país é de mais de 1 trilhão de euros, que vem sendo rolada”, disse Fernandez, ressaltando: “O grande receio é que o sistema financeiro se assuste e não queira rolar a dívida da Itália”. Segundo a diretora da MB, a preocupação está relacionada ao sistema financeiro, mas o mundo fará o possível e o impossível para os bancos não quebrarem. “A Europa vai seguir com os pacotes fiscais, tentando minimizar a dívida. Provavelmente, haverá pouco crescimento nos países europeus nos próximos 10 a 12 anos devido ao ajuste fiscal”, assegurou.
No Brasil, Fernandez falou da forte redução de taxa de juros e da recente guinada na condução monetária – com corte de meio ponto na taxa selic, o que, segundo a diretora da MB, mostra a direção indicada para o País pelo Banco Central. “É o Bacen que mostra o rumo da economia, e é o guardião da inflação. O recado, com a redução da taxa selic é claro: Primeiro o crescimento e depois a inflação”, comentou a diretora da consultoria, prevendo que a taxa selic deve ser reduzida em mais um ponto percentual até o final do ano. “A renda deve crescer neste segundo semestre, em que teremos dissídios dos bancários e petrolíferos, a arrecadação do governo federal – que teve aumento real de 8,5% e deve continuar crescendo, então, é falácia dizer que não estamos crescendo. A velocidade será menor, mas vamos crescer”, afirmou Fernandez, referindo-se à inflação ou possível velocidade de aceleração dela, como uma possível fragilidade do Brasil. “Não falo em hiperinflação. Nada disso. Apenas que é possível termos uma velocidade de aumento inflacionário maior em alguns momentos, o que pode vir a assustar”, finaliza Fernandez.
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