Moto Clubes crescem em Teresina reunindo apaixonados por motocicletas
17/07/2016 09:20h – Atualizado em 17/07/2016 09:38h
Não precisa de muita cerimônia. O barulho que sai dos vários escapamentos é escutado ao longe e anuncia previamente quem se aproxima. São dezenas de motociclistas que, integrados por moto clubes, transformam um hobby em filosofia de vida. Lealdade, liberdade e respeito estão entre as palavras de ordem cotidianamente relembradas pelos membros.
É o caso do Entre Amigos Moto Clube, um dos mais novos da Capital. Formado por 23 apaixonados por motocicletas, o moto clube surgiu no intuito de reunir amantes da vida sobre duas rodas e de compartilhar afinidades e experiências.
Fotos: Elias Fontenele/ODIA
Com estatuto, organização interna, encontros semanais e muito conhecimento a ser transmitido, o clube tem se solidificado a cada ação conjunta realizada. “Nós encontramos, no grupo, uma oportunidade de compartilhar afinidades, experiências e fazer o bem. Essa paixão por motocicleta existe na maioria dos membros desde a infância e, hoje, atrelamos esse gosto comum em passeios, viagens e realização de ações sociais possibilitadas pelo moto clube”, explica Mabson Júnior, responsável pela parte de eventos do grupo.
Evandro Martins, que preside o Entre Amigos, relembra a afinidade por motocicletas presente em sua vida desde a infância. “Essa paixão pelo motociclismo me acompanha há muito tempo, desde a infância. Eu sempre dizia que um dia iria ter uma moto assim, de alta cilindrada. Aí conforme a condição financeira vai melhorando, a gente consegue chegar nesse sonho. No Entre Amigos, há uma irmandade e o interessante é isso, encontramos no grupo muitas coisas em comum, a vontade de ajudar o próximo, fazer ações sociais, e isso se junta ao motociclismo e se transforma nisso: amizade, companheirismo, motociclistas do bem”, constata.
A história de Evandro é similar a de muitas outras. O que era sonho de criança se transformou em realidade e, com isso, também a necessidade de uma boa dose de responsabilidade. No Entre Amigos, a maioria das motos dos membros do clube é de alta cilindrada, capazes de atingir velocidade acima de 200 quilômetros em poucos minutos. Guiar o equipamento exige maturidade e prudência, essenciais para evitar riscos de acidentes e comprometer vidas.
“Tem que ter responsabilidade, saber onde dá para correr, procurar andar corretinho, correr só onde dá para correr, ter cuidado em ultrapassagem. Nós sempre lembramos isso, porque a imprudência pode não ser nossa, mas dos outros; então, é preciso pilotar para si e para o outro”, destaca Mabson.
As recomendações valem para os rolês – passeios que acontecem dentro da cidade -, bem como para a realização dos conhecidos ‘bate-volta’ ou ‘BV’, que são as viagens feitas pelo grupo em cidades próximas à Capital.
Viagens e ações sociais
Geralmente, os motociclistas saem de Teresina nas primeiras horas da manhã de um domingo para tomar café da manhã em algum município próximo. Altos, Campo Maior e Piripiri estão na lista dos mais visitados. Esses BVs acontecem de forma recorrente, sendo exigido participação mínima do membro integrado ao moto clube, porque caso a pessoa não participe dos BVs, ela pode ser desvinculada do grupo.
Além das viagens, os motociclistas também se organizam para a realização de ações sociais. Doação de alimentos, roupas e até campanhas sociais são organizadas ou reforçadas pelos membros do Entre Amigos, que tem no pilar da caridade um dos elementos centrais dentro da organização.
Ao conhecer mais de perto o moto clube, fica claro que as motos de alta cilindrada, imponentes e pilotadas por jovens adultos, são muito mais que uma vaidade, mas uma forma de aliar a paixão pelos veículos com a criação de laços afetivos e solidários.
Equipamentos de segurança são essenciais para viagens
Pilotar uma moto de forma segura e com a técnica correta exige sempre muita atenção do motociclista a tudo o que se passa em sua volta. Por ser um veículo aberto, as motocicletas sempre são mais suscetíveis a imprevistos na estrada. Por isso, prudência e equipamentos de segurança são indissociáveis da vida dos motociclistas.
Capacetes, botas, luvas, jaquetas, macacões e roupas especiais devem ser escolhidas com critério. Nem sempre o mais barato oferece a proteção mínima exigida e nem sempre o mais caro é garantia de qualidade. Evoluir em pilotagem também significa usar equipamentos adequados, confiáveis e de boa procedência.
“Sempre recomendamos que se a pessoa não tem como comprar um macacão, que geralmente custa em torno de mil reais, os outros equipamentos, como jaqueta, luva, bota e capacete, são indispensáveis. Eles são a proteção para a vida de quem anda de moto”, destaca Mabson.
Os acessórios são assim o único elo de ligação entre o condutor, a sua moto e, consequentemente, o asfalto. Como tal, a sua utilização nunca deve ser negligenciada. Em um eventual acidente, por exemplo, a utilização dos acessórios adequados é muito eficaz na prevenção de traumatismos cranianos, na redução da gravidade das lesões e pode até salvar uma vida.
“A adrenalina, a liberdade de andar em uma moto é sem comparação, mas ela só pode ser sentida se você estiver resguardado de cuidados no trânsito e com o uso dos equipamentos de segurança”, finaliza o motociclista.
Moto Clube Abutre’s tem membros espalhados por vários municípios do Piauí
Com mais de cinco mil integrantes divididos entre facções – como são conhecidas as sub-sedes – espalhadas pela Europa, América e em todos os estados do Brasil, o Abutre’s M.C é o maior Moto Clube do país e o terceiro maior do mundo. No Piauí, já são 70 membros divididos entre os vários municípios.
Foto: Reprodução/Instagram
Não é difícil reconhecer os participantes do clube. Jaquetas pretas, motos pretas e insígnias personalizadas marcam o pertencimento ao Moto Clube. No entanto, está longe de serem só as vestimentas, ou acessórios, os únicos a importarem quando o assunto é caracterizar um membro Abutre.
O grupo é baseado na paixão pelo “espírito biker”, que se resume em pessoas que nutrem a afeição por viagens de motocicleta. Esse aspecto é fundamental para qualquer novo membro se filiar ao clube. “Tem que gostar de viajar, o espírito biker não pode faltar em nenhum Abutre”, explica Eurico Campos, o ‘Treze’.
A história do Abutre’s no Piauí começou a se construir há cerca de três anos, quando um motociclista de Parnaíba, no litoral do Estado, conseguiu ser aceito como membro. De lá para cá, o crescimento foi notório. Hoje, os 70 membros se espalham pelos municípios de Teresina, Picos, Piracuruca, Paraíba, Eliseu Martins e a Serra de Guaracicaba do Norte, localizada no Ceará, mas geograficamente mais perto de Teresina e, por isso, considerada pertencente ao distrito piauiense.
“Eu acho que já nasci de capacete. É uma coisa que não consegue explicar. O motociclismo é um vírus, eu parei um tempo, de repente eu resolvi voltar a pilotar, então é um vai e volta e você não consegue se desvencilhar. Pra gente, não importa a moto, só importa o cidadão que está em cima da moto”, explica Treze, que comentava sobre o clube enquanto tatuava o brasão do Abrutre’s em seu braço.
Cheio de histórias e quilômetros para contar, o motociclista é um entusiasta da filosofia levada pelo grupo. Muito mais que uma associação de pessoas apaixonadas por motocicleta, Treze vê, no Abutre’s, uma grande família – e esse pensamento é compartilhado por todos os membros.
“Nós somos irmãos, a gente sempre está aprendendo com outro, todas as histórias vão se somando para cada um crescer na medida do possível. Hoje, em Teresina, temos 32 membros, que sempre se reúnem para dar uma volta na cidade e fazer viagens”, afirma.
Quanto mais viagens, mais destacada a pessoa pode se tornar dentro do clube. É por isso que, na hierarquia dos Abutre’s, a figura do Nômade, que é o motociclista que contribui para o crescimento do moto clube e já rodou o país em eventos relacionados, é a mais prestigiada e sua autoridade fica abaixo apenas do presidente e dos diretores.
Por: Glenda Uchôa – Jornal O DIA