Moto teste: Yamaha XTZ 250 Ténéré. Por MOTONLINE
Se há um nome forte e que logo identifica o propósito de uma moto, esse nome é “Ténéré”. Vinte e oito anos depois que a primeira Ténéré surgiu – a gigante XT 600 com seu tanque enorme e desproporcional – e deu origem a esta verdadeira dinastia de motocicletas, a caçula da família, XTZ 250 Ténéré se mantém fiel à proposta original: robustez para atender sua vocação aventureira por qualquer caminho.
A diferença que marca todas as integrantes desta família está fundamentalmente no motor e no porte. Autonomia e bom nível de conforto oferecido ao piloto e ao eventual garupa estão lá do mesmo jeito em todas elas. E como todas as motos da família, a XTZ 250 Ténéré também está sempre pronta para todas as aventuras, sem se importar com distâncias, tipo de piso, relevo ou ambiente. Cidade ou campo, praia ou montanha, essa moto é o primeiro degrau para os motociclistas aventureiros de plantão.
Essa perda de precisão no ajuste não trouxe consigo qualquer mudança no curso ou no funcionamento da suspensão traseira e parece ter sido realizada por uma questão de custo, mais baixo no novo componente. Aliás, está nas suspensões da Ténérézinha um dos maiores destaques da moto, proporcionando conforto e segurança por ser ao mesmo tempo macia e de funcionamento progressivo, com respostas adequadas ao nível de exigência determinado pelo piso e peso aplicados. O sistema mantém os links e o curso da suspensão traseira é de 200 mm na roda e 65 mm no amortecedor.
Neste teste a moto veio com o ajuste na posição intermediária (#3) que é o setup de fábrica, mas optamos por deixar a regulagem da pré-carga da mola na posição #1, mais macia e adequada para conforto no uso em terrenos ruins e por pilotos mais leves. E nessa condição, mesmo com piloto mais pesado e em bons pisos a moto exibe um comportamento neutro, sem comprometer a segurança da pilotagem. Claro, se adicionar um garupa será necessário ajustar a tensão da mola (sag) para não ter final de curso. Na frente o garfo telescópico tem curso de 220 mm e é mais do que suficiente para dar excepcional estabilidade na moto em qualquer tipo de terreno. Um charme especial que adiciona muito em durabilidade dos retentores são os guarda-pós (protetores) de borracha das bengalas.
Outra importante mudança que ela recebeu foi o bagageiro com capacidade de carga para 7,0 kg (incluindo peso do bauleto) acompanhado das alças laterais, formando um único conjunto muito bonito feito em alumínio e que definiu melhor a traseira, junto com a lanterna LED que deu um ar mais sofisticado e modernizou a moto. Esse componente já vem pronto para a colocação de um bauleto, o que no modelo anterior obrigava o motociclista a comprar também o próprio bagageiro junto com o bauleto. A Ténérézinha ganhou também um novo painel de instrumentos, agora totalmente digital e com o conta-giros em barras. Apesar de moderno e mais completo, esta novidade não deve agradar a todos, pois há uma dificuldade maior em identificar os giros do motor e a pequena peça única com a tela em LCD deixa a impressão que falta algo para preencher aquele espaço.
Contudo, o painel traz todas as informações necessárias para a condução segura e econômica, pois avisa na tela quando o piloto está no modo econômico de consumo de combustível. Esta informação, segundo a Yamaha, pode ser ajustada na concessionária, mas o setup de fábrica faz um mix entre a aceleração aplicada (1/3 do acelerador) e a velocidade de 90 km/h. Abaixo destas duas condições, a palavra “ECO” aparece no display digital. As luzes de advertência tradicionais estão localizadas abaixo do display. A moto ganhou também junto com a nova traseira, um novo para-lama que traz uma luz branca separada para iluminar a placa que, junto com os piscas de lentes transparentes, dão um ar de modernidade à XTZ 250 Ténéré.
Não há muito a acrescentar sobre as qualidades já comprovadas do robusto e econômico motor que equipa a XTZ 250 Ténéré. Além de ter sido pioneiro no Brasil a ter injeção eletrônica de combustível na classe das motos de 250 cc (é o mesmo que equipa a Fazer 250), agora ganhou o sistema bicombustível, que na Yamaha tem o nome de BlueFlex e que estava faltando para manter a competitividade com sua concorrente Honda XRE 300. No uso normal os quase 21 cv de potência e os 2,1 kgf.m de torque se mostram suficientes, apesar de haver necessidade eventual de “queimar” um pouco de embreagem ou reduzir marcha para ganhar giro e manter o torque do motor. A Yamaha declara potências ligeiramente diferentes para cada combustível utilizado, sendo 0,2 cv maior com etanol (20,7 com gasolina e 20,9 com etanol), o mesmo ocorrendo com o torque proporcionalmente. Mas na prática não é perceptível qualquer diferença, apesar de termos rodado tanques de combustível cheios com cada um deles.
Rodamos quase 1200 km com a Ténérézinha em diferentes condições de estrada e cidade, com pilotos diferentes também, em uso normal. As médias alcançadas foram muito boas, principalmente em se tratando de uma moto que ainda estava em período de amaciamento. Com o tanque cheio de gasolina, a moto fez a excelente marca de 31,33km/litro, enquanto que com etanol essa marca caiu para 26,84 km/litro. Já no mix (50% de gasolina e 50% de etanol) a média de consumo foi de 29,65 km/l.
As cinco marchas formam um conjunto bem ajustado para a moto. Mas pelas suas características de ter uma faixa estreita de potência, uma sexta marcha facilitaria o trabalho de encontrar a rotação ideal para mais aceleração. Além disso, uma sexta marcha colocaria a velocidade de cruzeiro em rotação menor, mas percebe-se que esta sexta marcha poderia comprometer o bom conjunto e gerar custos adicionais na moto. Mesmo com o giro alto do motor – próximo dos 8.000 rpm – não se percebe excesso de vibrações, o que seria até aceitável em motores de um cilindro desse “calibre”, mas a engenharia da Yamaha soube trabalhar bem no sistema de escapamento e no balanceamento do motor para eliminar vibrações e ruídos excessivos.
Os freios desta moto são muito bons. A disco na traseira e na dianteira, talvez já estivesse na hora dela ganhar a opção do ABS, tendência natural pela segurança de todos os motociclistas no futuro. Com boa modulação, em freadas mais fortes percebe-se uma tendência da frente torcer, consequência natural da presença do disco do lado esquerdo da roda e do longo garfo da suspensão dianteira. Talvez seja mais uma questão de costume com a moto. De uma maneira geral, os freios são muito confiáveis e seguros. Colaboram para o bom desempenho tanto do rodar estável quanto para o bom desempenho dos freios, os pneus Metzeler Tourance, com medidas 80/90-21 M/C 48S na dianteira e 120/80-18 M/C 62S na traseira que calçam as rodas raiadas, como tem que ser numa trail, para se dar bem na terra.
A Ténérézinha possui características de uma moto mais voltada à aventura do que ao trail de lazer, como é o caso da sua irmã Lander 250. Um fato importante para boa dirigibilidade é a menor massa agregada na direção, pois a carenagem frontal carrega todo o peso do painel e do conjunto óptico dianteiro, deixando a direção leve, o que facilita a correção de qualquer desvio de trajetória. Essa leveza, no entanto, não redunda em facilidade de manobras mais radicais com a frente da moto porque a massa está concentrada bem à frente do chassi e isso “prende” a frente da moto no chão quando tudo vai bem, mas numa eventual perda de tração, a coisa complica. Apesar da sua grande altura, ela é até bastante estável dentro dos limites normais de velocidade para o seu tamanho, mas próximo dos limites percebe-se uma pequena instabilidade, por causa da grande área frontal que sofre a ação do vento.
A capacidade de percorrer caminhos mesmo onde estes não existam ou sejam muito precários é uma vantagem notória na moto, permitindo grande maneabilidade para colocá-la onde quiser e com a facilidade do piloto para colocar-se em posição de “ataque” frente aos obstáculos, ou seja, em pé e mais para a frente da moto ou mais para trás, sem que haja grande obstrução aos seus movimentos. As novas alças são bem convenientes para o garupa ou para amarração de todo tipo de bagagem. A grande autonomia proporcionada pelo tanque com capacidade para 16 litros de combustível e o conforto pela posição ereta de pilotagem, permitem percorrer longos trechos sem sentir fadiga. Colaboram para isso ainda o para-brisa e o banco em dois níveis com largura adequada, ainda que um pouco duro.
Todas estas qualidades para aventurar-se em estradas não significa que a moto não tenha capacidade de percorrer com tranquilidade as trilhas urbanas. Aliás, bem ao contrário, o conforto e a agilidade continuam lá mesmo na cidade, no labirinto de carros, caminhões e ônibus. Um fator a favor é a leveza da direção, mas a largura do guidão pode ser um empecilho em determinadas situações quando se percorre corredores mais apertados entre os carros. Há ainda que ter um pouco de cuidado nas manobras entre os carros em função da largura da traseira em relação ao comprimento total da moto.
Um destaque que merece elogios é o excelente farol da XTZ 250 Ténéré, que ilumina muito bem em qualquer condição. A altura do assento (865 mm) é um pouco alta para a média dos motociclistas brasileiros e o apoio se dará apenas com um dos pés, o que pode ser um problema para motociclistas pouco habilidosos. Para não dar vexame, este problema merece uma estratégia específica para não deixar a moto cair parada. Outros itens que sente-se falta na Ténéré 250 é o marcador de marcha no painel junto com um indicador de revisão e troca de óleo, que são itens muito bem-vindos em motos de classe aventureira.
Como um dos projetos mais acertados da marca e que faz sucesso em todos os mercados onde participa, a Yamaha XTZ 250 Ténéré é, apesar das dificuldades de mercado, uma das motos mais desejadas. Segundo concessionários Yamaha com quem conversamos, a procura pelo modelo é muito estável e seus consumidores são muito fiéis. Seria natural o desejo por uma moto no estilo, mas com motor maior. Porém, para muitos donos de Ténérézinha a troca acontece por outra Ténérézinha. “Vendi ontem a terceira para um cliente”, revelou um vendedor numa concessionária na zona Sul de São Paulo. Os números de venda da moto confirmam esta característica, dando quase uma estabilidade nas vendas e, apesar da queda em 2013 e 2014 e ao contrário de muitos outros modelos, a XTZ 250 recuperou espaço em 2015. Por R$15.230,00 (FIPE) e nas cores cinza, azul, marrom e branco, a moto está disponível nas 350 concessionárias de todo o Brasil.
Link original da matéria: http://www.motonline.com.br/noticia/moto-teste-yamaha-xtz-250-tenere/