Sobre mulheres e motos: as ‘sem-razões’ de uma paixão. Por Jan Messias
As formas que encantam nossos olhos e mesmo com no escuro conseguimos perceber |
Não, não existe como explicar esse elo, essa união, essa força que nos leva às mulheres como se fosse uma gravidade em torno da qual nós, sempre meninos, orbitamos. Mães, irmãs, amigas, amadas, a mulher é a nossa entrada nesse mundo, nosso primeiro carinho, nosso primeiro contato. E elas são fortes,são bravas, resistentes.
Companheiras para estradas longas |
Nos desolam e nos consolam. Nada mais comovente do que um menino prestes a encarar a mãe contrariada ou um homem em frente à amada decepcionada. Somos todos meninos para rir e chorar.
Desde que comecei a viajar de moto, a cruzar longas distâncias percebi nessa beleza femina os motivos para ir, para voltar e para admirar, porque são as mulheres que movem esse mundo, é com a força delas que se removem as montanhas, que se cruzam os oceanos. Eu, quando viajo nessas aventuras por amor sempre lembro de Ulisses depois da Guerra de Tróia, enfrentando todos os perigos para estar de volta entre os braços de sua amada Penélope. Somos todos Ulisses, enfrentando perigos por nossas amadas.
Mesmo nas estradas mais difíceis elas estão com a gente |
Mas elas não estão apenas na nossa espera, longe, também estão ao nosso lado, ou melhor, na nossa garupa, e aí abro um parágrafo todo novo, porque a coragem de seguir viagem na garupa de uma moto é impressionante, porque aquele ali se está uma prova de confiança. Entrega-se a vida ali naqueles quilômetros. E elas são pacientes, seguras, destemidas. Confiam no seu piloto, no seu companheiro de viagem e seguem sem enfraquecer as longas distâncias. Muito mais que um enfeite, muito mais que um amuleto, elas estão ali para ser a outra parte do piloto, o equilíbrio, seja para acalmar, seja para incentivar a ‘apertar o punho’ para chegar logo.
E no longo capítulo dedicado às mulheres que pilotam, (ah, como eu queria dizer a cada uma da admiração que não cabe nas palavras…) amigos, me ajudem: imaginem a beleza dessas duas formas unidas: a mulher e a moto. Se elas domam os cavalos de vapor, o que não podem fazer com nossos corações? Se elas percorrem longas distâncias, aceleram, entram sem medo nas curvas, que faremos nós senão nos render? Essa é a batalha onde mais ganha quem mais se entrega, porque as recompensas são as melhores, porque elas nos curam depois das travessias longas, seja depois de uma viagem difícil, seja depois de um dia ruim. São destemidas, seguras, e pelo olhar notamos a força dessas mulheres.
E por elas madrugamos na estrada |
Eu poderia gastar mais horas aqui escrevendo e descrevendo todo o encanto que o feminino desperta em mim, essa força que aparece, às vezes de cabelos curtos, às vezes de cabelos longos, e nos leva às maiores travessias e aventuras, que nos mostra que o paraíso pode estar escondido entre sorrisos e sussurros e que todos os riscos são valídos, todas as lágrimas são justas e todos os presentes são pouco ainda para a gratidão de tê-las por perto, porque, como disse Vinícius de Moraes: “[Por]Que ninguém mais merece tanto amor e amizade, [Por]Que ninguém mais deseja tanto poesia e sinceridade, [Por]Que ninguém mais precisa tanto de alegria e serenidade.”
E assim vamos todos, meninos crescidos com nossos cavalos de metal, vivendo e morrendo, nos arriscando nas curvas da estrada para alcançar as curvas das amada.