Yamaha Midnight XVS 950 – Estrela da meia noite? Não será… do meio dia?
Para um cidadão de quase 48 anos, experimentei diversos modelos, marcas e estilos de motos. Adquirir uma quatro cilindros, no ano de 2011, constituiu-se a realização de um sonho da adolescência. Mas não quero nela me deter. Não agora…
Seguindo em descontraído passeio de final de semana, para desopilar das rudezas diárias do trabalho, sentado sobre minha dama de metal e ladeando um outro companheiro, dono de uma linda ‘custom’, senti curiosidade de desfrutá-la. Um tanto sem jeito, ao sentar-me nela, deparei-me com um conceito diverso de tudo aquilo no já sentira o prazer de guiar.
“Nem preciso dizer que foi paixão à primeira vista!”
Os primeiros metros percorridos se assemelharam com o ingressar em outra dimensão, tipo aqueles aportes que vemos nos filmes de ficção científica, bastando um simples toque de algum comando; no caso, o botão de ignição!
Semelhante a uma Fortaleza Voadora B-17, rugindo alto, por conta da barulhenta, mas prazerosa, ponteira Scorpion da Roncar, eis que a possante máquina se fez na estrada, avançando tenazmente a cada compasso das marchas, passadas com leveza e segurança, proporcionando, em breves segundos, galgar 80, 90, 130, 140 km por hora, com muita facilidade e com mínimo esforço, quando, então constatei a força bruta do motor em V, de 942 cm3, capaz de gerar potência de 53,6 cv a 6.000 rpm e torque de 7,83 Kgf.m a 3.000 rpm!
Nem preciso dizer que foi paixão à primeira vista, muito embora, o curto experimento tenha rendido o latejar na mente de um velho bordão de personagem da Escolinha do Professor Raimundo: “Por que comprar? …Por que não comprar?”
Pouco mais de dois meses depois troquei a desejada quatro cilindros por uma YAMAHA MIDNIGHT STAR XVS 950, com apenas 1.500 km rodados.
Curtindo o novo estilo
Com um tanque de 17 litros, sendo 10 destinados ao movimento normal e 7 litros da reserva, no início, causou preocupação pela ausência do marcador de combustível, demarcado apenas por uma luzinha de ‘led’ amarelo que, ao acender, começava a disparar um contador reverso, localizado no painel retrô, situado sobre o tanque.
Logo, a sensação de insegurança de uma eventual pane de gasolina foi substituída pela tranquilidade franciscana, por completo, vez que, depois de seguidas medições, principalmente após os 5.000km de uso, pude chegar a performances de 20 a 21 litros (na estrada), dependendo da tocada no manete de aceleração, e por volta dos 14,8 na cidade (na qual pouco rodei).
De fato, a “Tia Turbina” ou “MID”, como eu a batizei, não foi idealizada para o complicado trânsito das cidades e seus corredores, sendo projetada para viagens de estrada asfaltada, por conta do seu largo guidom, que é um convite forçado a esperar a abertura de algum sinal atrás de filas de carros.
Se o que relato serve de consolo, nesse pormenor, é melhor que você esteja sobre uma Midnight Star do que numa Harley Davidson. A japonesinha não esquenta tanto!
Considerando uma velocidade de cruzeiro (máximo de 110km/h) e uma margem de segurança limite de 15 litros, com folga, pude obter significativas marcas de mais de 300km no que, convenhamos, é uma bênção em tempos de carestia de combustível, associado a um equipamento tão poderoso.
Por outro lado, apertando o gatilho, claro, implica em aumento de consumo, como em qualquer outra moto.
Versatilidade, potência e segurança ao pilotar
Apesar de quase 2 metros e meio de comprimento, com distância entre eixos de 1,70 m, perfazendo 262 quilos, a Midnight mais pareceu uma motocicleta de brinquedo, dado à maneabilidade; a facilidade nos deslocamentos e manobras que exigem mais rapidez, chegando a superar as famosas Harley Davidson que pilotei: Fat Boy, De Luxe e 883, ou mesmo as famosas concorrentes: Boulevard 800, Vulcan 900 e Shadow 750.
O motor da V-Star, em termos de retomadas, mostrou-se firme, nunca negou seus atributos, fosse em ultrapassagens ou subidas, sendo desnecessária a redução de marchas, tanto em baixas rotações (cerca de 30 a 50 km/h), onde a terceira marcha é o ideal, como em altos regimes (140 a 170km).
O modelo 2011/11 que comprei não era dotado com freios ABS, como no modelo atual, mas nem isso retirou a confiança na marca nipônica, pois nunca sobrei em curvas ou passando do ponto de frenagem, por ausência de pegada das pinças de freio.
Acessórios: segurança e conforto!
Para viagens de longo curso notei ser indispensável um bom para-brisa que, com certeza, depois de colocado, auxiliou em muito na dispersão do vento, principalmente em velocidades superiores a 150 km/h em estradas retas.
Sentindo a necessidade de conforto, instalei sissy-bar, bancos estofados, pedaleiras traseiras, protetor de motor e de cárter, além da ponteira, que tornou o som do motor bastante grave e encorpado.
Considerada de baixa manutenção, o conjunto harmonioso da estrutura, dotada de desenho clássico, predominando a abundância de cromados vistosos e com os acessórios utilíssimos, me proporcionaram a segurança de que havia concretizado um bom negócio, tanto que a longa convivência com a ‘MID’ rendeu três estimulantes anos de parceria, com muitas estradas, alegrias, nenhuma decepção, em quase 18 mil quilômetros, cumprindo ressaltar que nunca fiquei à deriva, como vítima de alguma pane.
“Mas, se a moto era tão boa, porque a vendeu?”
Ao repassá-la para outro usuário, com um excelente preço de revenda, pasmem, os pneus ainda tinham muito fôlego para “estradear”, pelo menos, por mais uns 5 ou 6 mil quilômetros, sendo trocado apenas óleo e filtro, nas revisões regulares e as pastilhas de freio dianteiro. O leitor poderá interrogar: “Mas, se a moto era tão boa, porque a vendeu?”
Bem, a vida é cíclica, o ser humano é, por natureza, mutável e o foco momentâneo é vivenciar o estilo ‘big trail’, com longas viagens, inclusive, com trechos ‘off road’. Mas isso será reservado para cenas dos próximos capítulos.
Asta la vista!!!…Ou será “jaamataashita?”
Por Sérgio Alves, do MG Cavaleiros da Luz.