YAMAHA XTZ CROSSER 150 – MINHAS IMPRESSÕES
A Yamaha estava devendo ao mercado uma moto que pudesse disputar à altura com sua maior concorrente e em 2013 lançou a XTZ Crosser 150. Um projeto novo que deu no que falar. Eu estava curioso para saber o porquê de tanta badalação e o que tinha nessa moto que havia tirado 20% do mercado da Bros da Honda.
Partindo do princípio que o ‘povo aumenta, mas não inventa’ e que essa mesma ‘voz do povo pode vir a ser a de Deus’, então, resolvi testar para conhecer as razões de tanta fama.
Minha primeira sensação ao pilotar essa moto foi de leveza, manobrabilidade, conforto e um bom torque para uma moto de baixa cilindrada. Além disso é ótima em curvas, tem bons freios e uma boa saída. Sua suspensão agrada muito por conta do link e posteriormente a economia me impressionou bastante.
Mas vamos aos detalhes.
Chassi, Design e acabamento
A primeira coisa que verifico numa moto é o chassi. Ele determina se o projeto é específico para esse modelo ou reaproveitado de outro. Tenho grandes restrições quanto a chassi usado para várias motos. Isso pra mim é adaptação.
Para um dos modelos servirá perfeitamente, porém, para outros vai na adequação. O que me pareceu foi ter um chassi semi-berço duplo que foi bem desenhado e que nas manobras tem boa torção e comporta-se confiavelmente e absorve bem os impactos. O acabamento segue o padrão da Yamaha com um design bem moderno e com a cara ‘transformers’ deixa a moto com um visual robusto que engana a quem olha ela rapidamente. Boa parte pensa ser uma 250cc.
Uma coisa que gostei nessa moto foi a altura do assento em relação ao solo – 836mm. Para um modelo categoria ‘Batoré 2015’ ela não me deixou com aquela sensação de “andar que nem bailarina” – na ponta-do-pé (Sim, modelo, pois minha mãe me acha lindo e uma mãe jamais iria mentir para seu próprio filho). Brinquei na moto como se fosse um cara alto. Para quem não sabe, depois que a gente fica mais ‘usado’ ou ‘rodado’, se você tem 1,65m vai diminuir de tamanho, podendo atingir o modo BATORÉ – que no Nordeste Brasileiro equivale a pessoas abaixo de 1,60m. Mas são nos pequenos frascos que estão as melhores e mais fortes essências. Assunto encerrado. Não se fala mais nisso.
Câmbio
Um capítulo que merece destaque é o câmbio preciso e suave. Passei várias vezes as marchas no tempo, tanto para subir como para descer e usando a embreagem elas ficam ainda mais macias e precisas. São 5 velocidades com destaque para a 4ª. Marcha que é bem esticada. Sabendo usá-la corretamente conseguirá boas velocidades no Overdrive (5ª.marcha).
Motor
O motor é monocilíndrico e é FLEX (funciona com álcool e/ou gasolina) com potência máxima de 12,2cv a 7500 rpm (gasolina) e 12,4 cv a 7500 rpm (álcool). O torque é de 1.28 kgf.m/6000rpm (gasolina) e de 1.29 kgf.m/6000 rpm (álcool). São exatas 149,3cc em um motor 4 tempos SOHC, 2 válvulas, refrigerado a ar. Trocando em miúdos ela consegue ser forte e ao mesmo tempo econômica. Há relatos colhidos na concessionária de pessoas que dizem ter conseguido (sic) chegar a 50 km/l. Nos meus testes com garupa e sem garupa, cidade e estrada consegui (operando na faixa entre 5 e 6 mil rpm) bons números, mas não os 50 km/l. Rodando apenas na cidade chegamos a 36km/l com garupa. Sem garupa 38 km/l. Na estrada com garupa 40 km/l e sem garupa 41 km/l. Ótimo consumo! Isso dá a perspectiva mínima de autonomia de um mínimo de 432 km e a máxima de 492 km. Com o preço da gasolina a R$ 3,30 e o tanque de 12 litros da Crosser custando R$ 39,60; estaremos entre R$ 0,10 e R$ 0,12 o km rodado. Aqui meu recado: “- É por isso, nobres autoridades da mobilidade urbana, que se prefere a moto em vez dos ônibus”. Entenderam?
Uma curiosidade comparativa que gosto de fazer é na relação peso-potência. A Crosser possui uma razão de 10 kg/cv, enquanto uma 50cc carrega 33,08 kg/cv. Uma relação bem cruel contra a 50cc e que justifica o bom consumo da Crosser. A transmissão é por corrente.
Agora, meu amigo leitor, quer ver o “cão chupando manga?” Então abasteça com álcool. Esqueça consumo. Álcool é para desempenho, então: arrocha! A moto se transforma. Fica mais valente, mais desaforada e sem o menor pudor. Fica gostoso acelerar. Nela rodei pelas vielas da Prainha – uma vila de pescadores que fica em Aquiraz(CE), com direito a andar em lugar onde só passava bicicleta e a descer e subir escadas. Foi quando eu entendi a dica do Alexandre Patriarca. Vai brincar? Coloca álcool.
Pneus
Os pneus Metzeler/ Tourance com câmara 90/90-19M/C 52P e traseiro 110/90-17M/C 60P atendem bem no asfalto e inclusive em pista molhada. Em um dia de testes peguei uma chuva cruel e ainda com garupa. Decidi ir de Eusébio(CE) à Cascavel(CE), algo como 50km de estrada debaixo de chuva forte e em nenhum momento a moto reclamou falta de aderência. Na terra e no calçamento os pneus respondem bem proporcionando boa estabilidade, contato com o solo e, consequentemente, mais segurança, inclusive nas frenagens.
Freios
Os freios compostos por um disco dianteiro de 230mm hidráulico movido por pistão simples e tambor mecânico na roda traseira de 130mm estão dentro do esperado, porém, é necessária uma pegada rápida e em seguida a pegada mais forte para minimizar o efeito ‘borrachudo’. Um toquinho e em seguida a pressão certa darão uma sensação de melhor segurança e firmeza na frenagem. Os traseiros respondem bem em todas as situações e possuem regulagens, inclusive, de altura da mola.
Controles/ Painel
Os controles são bem visíveis e trazem um conta-giros analógico, indicador de marcha, velocímetro, hodômetro total/ parcial e marcador de combustível. Senti falta do lampejador de farol. Para mim uma economia de palito para quem colocou um painel digital.
Conforto e Suspensão
O comprimento de 2.050mm, aliado a um entre eixos de 1.350mm proporciona uma pilotagem gostosa e com pouquíssima vibração. A altura do assento me deixou bem à vontade e seu ângulo de caster a 26º. e o de trail com 92mm confirmam que esta moto é boa de curva e atende bem em manobras e mudanças rápidas de curso.
Além disso a suspensão traseira composta de balança oscilante monoshock com link com curso de 56,5mm aumenta a sensação de conforto e de segurança. A suspensão dianteira composta de garfo telescópico com curso de 180mm ajuda a copiar bem o solo e a minimizar os impactos na roda dianteira.
No teste com garupa, que sempre é feito com a colaboração da minha esposa Jamile transcrevo aqui a opinião dela: “Para a garupa é uma moto confortável. Não sofremos com as irregularidades do solo e nem nos assustamos com as arrancadas. O banco é bem largo e confortável e sem garupa pode colocar bagagem, pois tem onde prender, mesmo sem bagageiro, usando apenas um stick”. Obrigado Dona Jamile, continuemos no assunto.
Um dado importante em toda moto que é leve demais – caso da Crosser – é tomar cuidado com ventos laterais e deslocamento de ar provocado pela passagem de veículos pesados. Fique atento a isso. Não é falha de projeto, é característica de projeto de todas as motos com essa configuração de peso e cilindrada.
Conclusão
Antes da Segunda Guerra Mundial a Yamaha fabricava um dos mais disputados pianos. Era comum, na Europa, toda casa ter um piano e assim a Yamaha ganhava a vida produzindo instrumentos destinados a tocar o prazer da música. Finda a Segunda Guerra Mundial e o Japão e Europa arrasados, o interesse por pianos diminui e essa precisão herdada dos pianos migrou para as motos e depois da Libélula Vermelha – primeira moto da Yamaha – a tocada passou a ser outra. A Yamaha Motors herdou a logo do diapasão – equipamento responsável pela afinação de instrumentos musicais. De lá para cá a Yamaha vem numa tocada forte e ultimamente, mais afinada com o que o mercado espera da casa do samurai. A Crosser é uma dessas boas surpresas da Yamaha. Quem ganha somos nós, consumidores.
CONFIRA GALERIA DE IMAGENS APÓS A FICHA TÉCNICA.
Ficha Técnica – Yamaha XTZ 150 Crosser
Motor: Arrefecimento a ar, SOHC, monocilíndrico, quatro tempos, 2 válvulas
Capacidade cúbica 149,3 cm³
Potência: máxima (declarada) 12,2 cv a 7.500 rpm (gasolina) e 12,4 cv a 7.500 rpm (etanol)
Torque: máximo (declarado) 1,28 kgf.m a 6.000 rpm (gasolina) e 1,29 kgf.m a 6.000 rpm (etanol)
Câmbio: Cinco marchas
Transmissão: final corrente
Alimentação: Injeção eletrônica
Partida: Elétrica
Quadro: Berço semi-duplo em aço
Suspensão: dianteira Garfos telescópicos com 180 mm de curso
Suspensão: traseira Monoamortecida com link e 56,5 mm de curso
Freio: dianteiro Disco simples de 230 mm de diâmetro (versão ED)
Freio: traseiro Tambor mecânico de 130 mm de curso
Pneus: 90/90-19 (diant.) / 110/90-17 (tras.)
Comprimento: 2.050 mm
Largura: 830 mm
Altura: 1.140 mm
Distância entre-eixos: 1.350 mm
Distância do solo: 235 mm
Altura do assento: 836 mm
Peso a seco: 120 kg
Tanque: 12 litros – Reserva (3litros)
Cores: Branco, Cinza fosco e Laranja
Preço sugerido: R$ 9.350,00 (versão ED)
Fotos:
Jamile Sucupira e Luis Sucupira
Agradecimentos
CRASA MOTOS – Yamaha – Fortaleza(CE) e Paulo Roberto – CRASA Messejana (85) 32883654 e (85) 87741213.