Piso molhado, sujeira na pista, como pilotar com segurança?
Nem tanto o solo molhado pela chuva, mas o que está debaixo do excesso de água nas pistas de rolamento é o que devemos nos preocupar, pois os sulcos dos pneus retiram o excesso de água de forma eficiente e segura, mas a sujeira debaixo dela, humm! Aí mora o perigo. Sujeira é tudo que “gruda” no solo asfáltico enquanto seco, como óleo, partículas emborrachadas, poeira, etc. Portanto, em solo seco, esses detritos não causam fortes efeitos negativos na pilotagem, desde que os pneus de sua
moto estejam com borracha suficiente para uma boa aderência. Entretanto, em solo molhado, precisamos nos ater a alguns fatores. Vamos analisa-los.
Sulcos dos pneus, para que servem?
Sua principal função é a retirada do excesso de água da frente do pneu. Portanto, recomenda-se que os pneus sejam da mesma marca e modelo, em seu conjunto traseiro e frontal, para um melhor compartilhamento da retirada da água, evitando, desta forma, o efeito da “aquaplanagem”. Os pneus urbanos ( não esportivos para competições) são produzidos para uma performance eficiente em pisos secos e molhados. Portanto, pilotos que gostam de maiores velocidades finais, pneus com menos sulcos são mais eficientes em pisos secos, mas sofrem a perda de aderência em pisos molhados. No mercado de pneus, há muitos modelos apropriados para cada propósito de condução. Escolha o melhor para a sua segurança, principalmente em condições adversas de chuva e solo úmido.
Pneus com sílica
São os chamados pneus verdes, que minimizam o atrito de rodagem. Neste composto, alguns engenheiros explicam – entre outros fatores referentes a uma menor poluição atmosférica, diminuição do consumo de combustível e aumento da performance em velocidade – que aumenta e dissipa melhor o calor e a absorção da umidade em solo molhado. Há, de fato, algumas contradições: como pode aumentar o aquecimento da borracha do pneu se há uma menor
resistência ao solo? A resposta a essa questão é que a “sílica reduz a perda de histerese sem reduzir a aderência do pneu” ( fonte: Pirelli). Desta forma, sua aplicação aumenta a aderência dos pneus em solo seco e, principalmente, molhado ( Fonte: Continental). Em outras palavras, o calor necessário para uma melhor aderência aumenta mais rápido enquanto rolamento dos pneus no solo, esfriando mais lentamente enquanto o pneu está sem este atrito, com a moto parada. Este fator não significa que a sílica retira o excesso de água, quem faz isso são os sulcos! A sílica somente aumenta e dissipa melhor o calor produzido pelo atrito dos pneus em solo úmido, ou em pisos mais frios dando, assim, melhor poder de frenagens e segurança na condução. Praticamente todos os modelos de pneus já possuem esta tecnologia. Afinal, preocupar-se com segurança é tão importante quanto a preocupação com o meio ambiente.
Sujeira, detritos, óleo… Como evitar acidentes nestas condições?
Alguns passos devem ser dados. Naquilo que não enxergamos, devemos ter maior prudência acompanhada de muita ATENÇÃO e PREVISÃO. Ou seja, choveu, sem dúvida haverá menor aderência do solo e, portanto, o condutor deverá diminuir a velocidade, aumentar a distância de seguimento do veículo da frente, evitar manobras como frenagens repentinas, desvios bruscos de obstáculos e inclinações maiores em curvas. Para isso a atenção deve ser primordial, mais do que qualquer técnica de pilotagem.
O perigo maior não está no piso molhado…
Cabe então, observar que:
1- o pior momento da chuva é o seu começo, ou a chuva fraca, pois a sujeira não é lavada, e levada da pista. Assim, a chuva mais forte é o momento mais seguro ( em comparação), pois o solo estará mais limpo;
2- considera-se o fator emocional, pois muitos pilotos acreditam que em chuva fraca inexiste a falta de aderência, não evitando os riscos iminentes de derrapagens causados por não perceberem o perigo.
Pilote mais seguro na chuva
– Pneus com baixa calibragem só são bons em terra e lama, mas em situações de asfalto molhado, pneus murchos poderão facilitar a aquaplanagem e derrapagens. Melhor, então, aumentar a calibragem em solos encharcados.
– EM CURVAS evite inclinações mais acentuadas, mantendo seu corpo mais inclinado do que a moto
e, claro, sempre com velocidades compatíveis à esta situação adversa. Para motos com perfis esportivos, o desenho no ombro dos pneus é “slick” para uma melhor performance das curvas em pista seca. Por isso no molhado vá com calma nas inclinações!!!
– Nas frenagens as motos com sistema ABS têm mais vantagens, no entanto, melhor seguir o padrão técnico de sempre frear usando força progressiva no pedal e no manete (ou manetes, em caso das scooters) e abusar do freio motor.
– Evite ultrapassagens na linha dos corredores, porque muitos
motoristas desviam de poças e acúmulos de água nas laterais das vias, podendo empurrar o motociclista lateralmente. Também, a visão dos condutores de outros veículos fica pior. Muita paciência nestas horas.
– Em saídas de curvas acelere de forma progressiva para evitar derrapagens tipo drift. Também, as motos com controle eletrônico de tração levam vantagens. Melhor acreditar na sua mão do que na
eletrônica.
– Atente-se às probabilidades na possibilidade de haver um buraco naquele caminho que você sempre passa, pois com muita chuva, crateras aparecem e ficam escondidas sob a água.
– Faixas pintadas no solo ( no Brasil ) são uma desgraça. Evite-as, mesmo em solo seco.
– Mantenha os pneus sempre em condições de preservação. Não demore a trocar quando gastos, lembrando que pneus possuem vida útil e, passando do prazo, sua borracha poderá estar ressecada.
– Enfim, proteja-se com roupas especiais, mantendo seu corpo relativamente seco, com calçados e luvas impermeáveis. O frio causado pela chuva poderá trazer desatenção na pilotagem.
Conclusão
MOTO É VIDA, e mesmo com chuva o prazer de pilotar deve ser acompanhado com prudência, paciência e auto-confiança. As emoções devem estar em perfeito equilíbrio com a razão, desta forma, a segurança está nas mãos do piloto, pois mesmo com solo molhado ou seco o uso da perspicácia preservará a vida. Quero dizer que o acidente não é causado pela chuva, mas pelo condutor por não reconhecer os riscos dessa condição adversa de pilotagem. Então, PILOTE SEMPRE, mesmo com chuva.
Texto: Carlos Amaral, diretor operacional e responsável pedagógico da Carlos Amaral & Zuliani Motorcycle Training
Fotos e edição de texto: Geórgia Zuliani
Agradecimentos: alunos envolvidos nestas fotos e a Michel Goes, emprestando sua Tiger para os testes em pista molhada.
Fonte de pesquisa: Continental Corporation e Meio Ambiente News ( Pirelli Pneus)
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