As clássicas do Otoch: Fat Boy – A Exterminadora de concorrentes

As clássicas do Otoch: Fat Boy – A Exterminadora de concorrentes
Um filme mil vezes assistido
Um filme mil vezes assistido

Quem nunca assistiu ao filme clássico “O Exterminador do Futuro 2” não sabe o que é realmente admirar uma verdadeira Harley-Davidson. Eu não sabia uma palavra em inglês, mas consigo reproduzir até hoje o diálogo inteiro da cena em que Arnold Schwarzenegger entra num bar de motociclistas, toma não só a roupa, mas a chave de uma Fat Boy das mãos de um suposto “valentão” e logo em seguida sai com ela pelas estradas com o vento na cara, sem capacete (afinal ele pode, né! O sujeito é um robô quase indestrutível…), com uma escopeta calibre 12 cano duplo em um coldre instalado na moto e tudo isso ao som do blues rock  “Bad to the Bone” (George Thorogood and the Destroyers)! Aos 11 anos eu pensei: “putz, mas como posso eu curtir tanto esta cena de um cara roubando a moto de outro?!”. No mesmo instante me livrei desta crise de consciência: “Já que tinha um coldre pra uma escopeta instalado na moto, com certeza boa pessoa o antigo dono não era!”. Pronto, problema resolvido! E aí nasce não só uma paixão pelo filme (que eu tinha gravado em fita VHS e assisti umas 1000 vezes), mas também pela “moto do filme”, uma verdadeira vedete que, na época, eu nem imaginava o nome. Mas se ouvisse seu ronco em qualquer lugar, reconheceria na hora a moto que apesar de aparecer pouco, era uma das personagens principais para mim! Tanto que assim que adquiri minha habilitação, meu primeiro sonho e objetivo foi um dia ter uma legítima V2! Já cheguei a possuir uma custom Honda, mas já me desfiz dela. Hoje não quero uma V2 qualquer: quero a “moto do Exterminador”! Freud explica. Ou não…

A FLSTF Fat Boy foi lançada em 1990 e se tornou um marco na retomada de crescimento da Harley-Davidson. E ela foi projetada exatamente pra isso, sendo uma criação que seria um sucesso total ou um fracasso absoluto!

Essa história começa em 1969, quando a Harley-Davidson coloca parte de suas ações na bolsa de valores e se funde à American Machine and Foundry (AMF), uma gigante do mercado de produtos de lazer estadunidense. Com isso, em seus 63 anos de vida, pela primeira vez a tradicional marca deixa de ser um negócio familiar e passa a ser controlado por outros executivos.

Nessa época, as fabricantes japonesas começavam a invadir o mercado norte-americano com diversos modelos confiáveis, potentes e a preços acessíveis. Dois anos depois a empresa lança a FX 1200 Super Glide, uma motocicleta “cruiser”, feita da fusão entre a Electra-Glide e a Sportster.  A marca cresce e aumenta suas instalações, mas a concorrência nunca havia sido tão acirrada, e ganhava cada vez mais espaço no mercado norte-americano!

Em 74, o engenheiro apaixonado por motocicletas Bill Daves inventou e patenteou um quadro que simulava o “rabo duro” (ou “hard tail”, sem suspensão traseira, muito tradicional naquele país), mas que escondia dois amortecedores instalados embaixo do motor. Ele apresentou o projeto para Willie G. Davidson, que na época era vice presidente de “Styling” (uma filisofia de design que tem o objetivo de tornar um produto mais atraente e desejado pelo consumidor). Willie gostou da idéia e tentou implementá-la, mas não teve autorização da AMF, que comandava a empresa.

Fat Boy modelo 2015
Fat Boy modelo 2015

Anos se passaram e em 26 de fevereiro de 1981 um grupo de 13 executivos seniores da Harley-Davidson apresentaram formalmente a intenção de comprar de volta as ações da empresa do grupo AMF, e em julho daquele mesmo ano o comando da marca volta para a família. “The eagle soars alone (A águia voa sozinha)!” Um ano depois, Willie (agora com mais voz) compra a patente do quadro softail de Bill Davis e em 1984 a HD lança uma nova série de motocicletas: a FXST Softail, com o novo quadro revolucionário e com os novos motores Evolution V-Twin, com 1.340 cc, que foram desenvolvidos depois de sete anos de pesquisa e desenvolvimento. Estes dois novos equipamentos seriam a base para a futura Fat Boy. Começava a retomada de crescimento da marca com a nova administração.

IMPERDÍVEL!!!!!!
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Em 1982, ainda se restabelecendo financeiramente do “ataque” japonês, o governo dos Estados Unidos cria, a pedido da Harley-Davidson, um imposto para motos importadas, com a finalidade de conter a invasão de motos estrangeiras no mercado. Mas com a saída da AMF da direção da empresa e o retorno do comando para as mãos dos “familiares”, a Harley-Davidson voltou a entrar nos eixos e surpreendeu o mercado pedindo para que o governo suspendesse o tal imposto um ano antes do que previa o acordo. Uma ótima forma para mostrar que a marca da águia já estava em vôo alto e livre, pronta para competir de igual para igual com os orientais!

A partir daí, em um crescimento constante e já fora da crise, o setor de design comandado por Willie G. Davidson resolve lançar a moto que seria não só um ícone de importância da marca neste mercado, mas seria ainda a responsável pela virada do jogo!

1990 – O mundo conhece a FATBOY

Fat Boy 1990 - primeiro modelo
FatBoy

Em 1990 é apresentada ao mundo a Fat Boy! Usando os novos quadros e motores da Harley, a novidade agora seria o design, que misturava o novo ao clássico! O garfo volumoso e a pequena carenagem do farol nos tubos de sustentação lembram as antigas Hydra Glide 1949, época em que o garfo telescópico foi introduzido na linha de produção da marca. Pela primeira vez nos “tempos atuais”, uma moto vinha com o quadro cuidadosamente pintado da mesma cor da moto (cinza, na primeira versão apresentada). Numa época em que designs aerodinâmicos e rodas esportivas mais leves começavam a ser a tendência do mercado, a nova “arma” da Harley aparecia com grandes calotas integrais, usadas em algumas motos da época das guerras para cobrir os raios e facilitar a limpeza! A moto era pesada, mas ao invés de um problema, o Sr. Davidson sabia o que seu público queria: uma moto “heavy metal!”

A novidade foi um verdadeiro sucesso! No ano seguinte de seu lançamento ela aparece no “Exterminador do Futuro 2” e em pouco tempo suas unidades já se esgotavam nas concessionárias!  Quem quisesse a sua Fat Boy tinha que entrar na fila de espera. Pela primeira vez na história, a Harley-Davidson vira uma paixão também na Europa e logo contagia todo o planeta!

Seriam as rodas uma versão das usadas no trem de pouso B-29
Seriam as rodas uma versão das usadas no trem de pouso B-29?

Em sua história não oficial, há a teoria de que ela foi produzia intencionalmente como uma “arma” pra atacar o mercado que começava a ser dominado pelos japoneses. Com a finalidade de conter o avanço das marcas orientais, até seu nome seria uma referência às bombas atômicas chamadas Fat Man e Little Boy, que devastaram Nagasaki e Hiroshima respectivamente. Sua cor cinza (na primeira versão) seria baseada nos aviões bombardeiros B-29, que não possuíam tinta e tinham a fuselagem de alumínio polido. As rodas também seriam uma versão das usadas no trem de pouso do mesmo avião, com calotas fechadas e rodeadas por pequenos furos em suas extremidades. A Harley-Davidson nunca confirmou estas informações, mas também nunca negou! Não temos como saber se é verdade ou não. Mas levando em conta todo o contexto histórico, pra mim, faz sentido!

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Redação Geral

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